PolĂcia Federal investiga fraude na PrevidĂȘncia Social em Carangola
Operação deflagrada nesta quarta apura corrupção e fraude na concessĂŁo de benefĂcios previdenciĂĄrios
Uma operação da PolĂcia Federal deflagrada nesta quarta-feira (3) contra fraudes e corrupção no INSS terminou com duas pessoas presas em Carangola, municĂpio distante cerca de 233 quilĂŽmetros de Juiz de Fora. Um dos detidos era gerente da agĂȘncia da cidade, e o outro, um contador do municĂpio. Juntos, conforme as apuraçÔes da PolĂcia Federal e o setor de inteligĂȘncia do INSS, os suspeitos concederam pelo menos 120 benefĂcios nos Ășltimos dois anos. O prejuĂzo chegaria a mais de R$ 40 milhĂ”es para os cofres pĂșblicos. Eles recebiam entre R$ 3 mil e R$ 5 mil dos beneficiĂĄrios que conseguiam se aposentar de forma ilegal.
Dezesseis policiais federais e dois servidores da Coordenação-Geral de InteligĂȘncia PrevidenciĂĄria e Trabalhista (CGINT) da Secretaria Especial de PrevidĂȘncia e Trabalho do MinistĂ©rio da Economia cumpriram nesta quarta dois mandados de prisĂŁo e quatro de busca e apreensĂŁo, todos em Carangola. O gerente e o contador foram presos e levados para o Ceresp de Juiz de Fora.
O golpe foi descoberto em janeiro deste ano, depois de uma auditoria feita pelo INSS em Juiz de Fora. A PolĂcia Federal foi comunicada e deu inĂcio Ă s investigaçÔes. Batizada de “Virtus”, a operação desvendou que a fraude era feita graças a uma senha master, que sĂł os gerentes de agĂȘncias do INSS tĂȘm e que dĂĄ acesso a todo o sistema da PrevidĂȘncia. A delegada Fabiana Martins Machado afirmou que o contador era quem captava os interessados em se aposentar. “Ele era a ponte com este gerente. Com esta senha master, o gerente concedia os benefĂcios sem agendamento e sem formalização de processo concessĂłrio, alĂ©m de inclusĂŁo de falsas contribuiçÔes e perĂodos de trabalho. As principais aposentadorias eram rurais, por idade”, disse. A investigação descobriu que os valores de propinas pagos pelos beneficiĂĄrios Ă dupla chegava a R$ 5 mil.
AtĂ© o momento, ainda nĂŁo foi detectada a participação de outros servidores do ĂłrgĂŁo federal. “Vamos periciar agora estes materiais apreendidos hoje, computadores, documentos, e isso pode fazer com que este nĂșmero de benefĂcios irregulares seja ainda maior”, comentou Fabiana, delegada Ă frente do caso.
A PolĂcia Federal pediu o sequestro de bens imĂłveis, veĂculos e ativos financeiros em nome dos investigados. Segundo Fabiana Martins, a medida Ă© para reaver parte do prejuĂzo causado pelos valores desviados. O nome dado Ă operação remete a um dos significados da palavra latina “virtus”, relacionado a poder, uma vez que o servidor envolvido na fraude valia-se da senha master de gerente para praticar as fraudes. A pena dos suspeitos pode chegar a 26 anos de prisĂŁo.
Beneficiados de forma ilegal podem responder criminalmente
Em uma segunda etapa da ação, o INSS irĂĄ convocar todos os beneficiĂĄrios que estĂŁo sob suspeita de receber benefĂcios de forma ilegal, e serĂĄ feita auditoria em seus benefĂcios. Eles poderĂŁo ter que devolver, com juros, os valores recebidos atĂ© agora. AtĂ© o momento, o prejuĂzo chega a R$ 2,5 milhĂ”es. PorĂ©m, levando-se em conta a expectativa de vida dos brasileiros, o valor da fraude chegaria a mais de R$ 40 milhĂ”es. “O que vem fĂĄcil, vai fĂĄcil. AlĂ©m da pessoa ter pago apara ter este benefĂcio, vai perdĂȘ-lo e ainda indenizar a UniĂŁo os valores recebidos de forma indevida. Eles tambĂ©m vĂŁo responder ação penal por conta do estelionato praticado contra a PrevidĂȘncia”, comentou a delegada Fabiana Martins.