Articulação necessária

Governador Romeu Zema tem que buscar mais interlocutores para enfrentar a pressão das ruas e dos trabalhadores num momento em que o Estado, como ele destaca, se encontra em situação falimentar


Por Tribuna

23/02/2019 às 03h32

A despeito da resistência de correligionários, que consideram o jogo político um espaço de barganha em tom menor, o governador Romeu Zema vai precisar, e muito, da articulação política para dobrar o primeiro semestre. Acuado por uma crise econômica sem precedentes, que o levou a dizer que o Estado encontra-se falido, ele viveu uma sexta-feira de pressão, quando agentes da área de segurança interditaram a MG-10, que dá acesso à Cidade Administrativa, sede do Governo. O resultado foi um acordo inicial de pagamento parcial do décimo terceiro salário. Em maio, seriam depositados 80%, mas essa conta ainda não foi fechada.

Ninguém desconhece a crise no Estado e as tentativas do gestor de colocar o trem nos trilhos, mas em situações como essa não basta atuar sozinho, pois há sempre o risco de ficar no meio do caminho. Mesmo sem abrir mão de seus princípios éticos, Zema tem que buscar mais interlocutores, inclusive dentro da área de segurança, para dividir o fardo e o espaço de negociação. É fundamental apontar para os colaboradores que o Governo não está inerte. Ademais, aumentar a interlocução com Brasília tornou-se uma prioridade, pois instância federal é a matriz do problema.

É fato que o Governo também precisa usar a criatividade para criar novas fontes, não bastando corte de gastos – necessários, sim -, pois chegará um momento em que não haverá mais gordura para queimar, comprometendo os muitos serviços da administração. Minas, com 853 municípios, demanda uma série de serviços estaduais, sobretudo num momento em que os prefeitos também estão de mãos e pés atados.

Brasília tem condicionado a aprovação da reforma da Previdência à volta do círculo virtuoso da economia, mas tudo indica que não dá para esperar tanto tempo, mesmo o Governo apostando que tudo estará resolvido ainda neste primeiro semestre. Tal aposta não tem garantias, uma vez que o Congresso tem um timing próprio, e o jogo de interesses aumenta em tais ocasiões. É fato que os governadores foram convidados para o lobby no Parlamento, sob o argumento de serem também parte interessada. E são, mas Zema, principalmente, tem um problema a mais. A economia de Minas, como ele próprio disse aos servidores, está no limite, e junho pode ser longe demais para se encontrar uma saída.

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