A questão, porém, não é tão singela assim. Casamento não foi celebrado para se divorciar. Quem pensa assim já entra num relacionamento se enquadrando na exceção, e não na regra geral: casamento é celebrado para ser preservado.
A sociedade politicamente organizada e as religiões impõem a observância dessa regra salutar de convivência, como fórmula de fortalecer a família e estratificar a própria sociedade. Tem mostrado a experiência que o rompimento dos laços matrimoniais, ainda que o casal não tenha filhos (se tiver é um desastre), deixa sequelas econômicas e afetivas.
As religiões, muitas delas, promovem até curso de noivos, para auxiliar os casais apaixonados para enfrentar o casamento, o que é uma caminhada que precisa ser exercitada com passos firmes e vigorosos. Não existe, porém, uma orientação geral para se divorciar, ficando, assim, o casal que se divorcia à mercê da instabilidade emocional ocasionada pela separação.
Advogados apenas cuidam da legalidade da separação (e não poderia ser de outra forma), mas a questão das sequelas que forçosamente aparecerão (ninguém pode ignorar essa realidade) precisa ser tratada por psicólogos, a não ser que os divorciados se sujeitem a atitudes emocionais e irracionais, com brigas e agressões mútuas e desnecessárias.
É comum até casais se utilizarem dos filhos para agredir um ao outro ou chantagear, na tentativa de preservar o vínculo matrimonial. Vira e mexe, a imprensa divulga casos de maridos que não concordam com a separação, mas fazem de suas esposas sacos de pancadas. A lei Maria da Penha, que aniversariou dia 7 de agosto, é um grande avanço contra abusos matrimoniais, mas ela, por si só, é incapaz de eliminar as sequelas sociais e econômicas do divórcio.