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Mascarenhas 30 anos

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Ícone da industrialização mineira e brasileira, a pioneira Fábrica Bernardo Mascarenhas teve suas antigas e abandonadas instalações transformadas, há 30 anos, em 31 de maio de 1987, num amplo centro cultural em Juiz de Fora. O momento crucial dessa conquista foi a realização de uma passeata, há 34 anos, reivindicando a retomada do marco do pioneirismo industrial brasileiro como uma fábrica de cultura. Ao lançar um feixe de luz na produção artística de Minas Gerais, como uma usina de esperanças, a velha fábrica têxtil abriu um novo caminho para a arte e a cultura. Símbolo maior do pioneirismo industrial de Juiz de Fora na virada do século XIX para o século XX, a antiga Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas foi a primeira indústria têxtil movida a energia elétrica da América do Sul e projetou Juiz de Fora como cidade pioneira na utilização da energia elétrica também no Sul da América, sendo chamada de Manchester Mineira.

Bernardo Mascarenhas e seu sócio, Francisco Batista de Oliveira, em 22 de agosto de 1889, davam início ao funcionamento, ainda experimentalmente, da Usina Hidrelétrica de Marmelos, oficialmente inaugurada em 5 de setembro de 1889, como primeira usina hidrelétrica da América do Sul, possibilitando a implantação da iluminação pública em Juiz de Fora e gerando energia elétrica para a CTBM. O objetivo inicial da Companhia Mineira de Eletricidade era promover a iluminação pública e particular da cidade durante a noite e gerar força motriz para o funcionamento da CTBM e de outras fábricas durante o dia.

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Depois do apogeu industrial na Zona da Mata mineira, a região sofreu com a estagnação econômica e a fábrica, ocupando uma área de mais de dez mil metros quadrados no coração da cidade, foi perdendo espaço para as novas tecnologias até ser abandonada e ter uma parte interna de sua estrutura destruída. Símbolo da resistência, sua fachada e amplos salões permaneciam desafiando o tempo e clamando proteção. Até que o conjunto arquitetônico, por pressão da comunidade cultural e mudanças no Poder Público municipal, foi tombado pelo patrimônio histórico do município, em 1983, e o prédio da fábrica têxtil Bernardo Mascarenhas, pertencente desde 1979, por decisão judicial, ao Estado de Minas Gerais, Receita Federal e ao antigo Iapas, passou a ser reivindicado por amplos setores artísticos de Juiz de Fora que, mobilizados em torno do movimento “Mascarenhas, meu amor”, articularam um manifesto contendo milhares de assinaturas e realizaram, em 30 de julho de 1983, uma passeata cultural reunindo expoentes das artes em Minas Gerais e no Brasil.
Rubem Fonseca, Affonso Romano de Sant’Anna, Marina Colasanti, Carlos Bracher, Fani Bracher, Nívea Bracher, Décio Bracher, Dnar Rocha, Rui Merheb, Jorge Arbach, Renato

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Stehling, Rachel Jardim, João Guimarães Vieira (Guima), Roberto Vieira, Arlindo Daibert, César Brandão, Fernando Pita, Walter Sebastião, Martha Sirimarco, Luiz Ruffato, José Santos, Fernando Fiorese, Kim Ribeiro, Henrique Simões, Guilherme Bernardes, entre muitos outros, marcaram presença na histórica passeata e defenderam a transformação da antiga indústria têxtil numa autêntica fábrica de arte, servindo de canal para que a cultura pudesse ser determinada por quem a faz.

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