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MC Xuxú lança clipe

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Foi publicada uma matéria sobre o novo clipe da MC Xuxú. A nós, que fazemos parte de sua equipe (ou bonde), e à própria MC, a “crítica” cruel não é novidade. Pesquisas revelam que o Brasil é o país que mais mata travestis: lidar com o ódio é uma constante na vida de Xuxú, porém, não é uma conformidade.

O mercado de trabalho se mostra fechado para transexuais e travestis. Muitas, como a Xuxú, foram expulsas de casa devido a sua identidade de gênero antes de completar a maioridade e, assim, têm uma vida entregue às desventuras da rua e da fome. Comentários de ódio para elas não surgiram com as redes sociais, são gritados em praça pública.

MC Xuxú é uma porta-voz de muitos, exemplo de resistência e esperança. Assim como mulheres cis pioneiras do funk, fala sobre sexualidade e emancipação. Sua nova música “Eu fiz a chuca” não fala de lavagem intestinal, traz com humor e leveza a sexualidade da mulher trans e dos gays, e isso incomoda uma sociedade hipócrita e falocêntrica que ouve com tranquilidade sobre a sexualidade masculina.

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Certo leitor duvidou do talento e do reconhecimento de Xuxú. Mal sabe ele que poucos artistas da cidade têm sete fã-clubes espalhados pelo Brasil. Eu, como artista e trabalhadora, ainda digo: ser artista não é dom, bênção ou talento, é trabalho duro e estudo. Provavelmente, ele também não sabe do respaldo que Xuxú tem entre nós da cultura de JF.

O funk é reconhecido por lei como “movimento cultural e musical de caráter popular” desde 2009 no Rio, e um outro projeto tramita no Congresso. É fonte de renda e sonhos para muitos outros jovens negros periféricos, além da Xuxú. Entretanto, o baile já foi proibido no Rio e em JF.

Não por acaso, os “críticos” desse ritmo são, muitas vezes, comparados aos perseguidores do samba, como relatou a professora de história da UFF Adriana Facina: “O gosto é uma construção histórica e de classe. Os que hoje se ofendem com a batida do funk são herdeiros culturais dos senhores de escravos que temiam os batuques vindos de suas senzalas, pois eles demonstravam a autonomia e a potência dos que estavam no cativeiro”.

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