No mês em que mais se fala sobre o diabetes, é importante também comentarmos um tipo específico da doença: a diabetes gestacional. Como o nome já diz, ocorre durante o período de gestação, mas que exige tratamento, caso contrário podem acontecer complicações tanto para o bebê quanto para a mãe. O diagnóstico pode ocorrer em qualquer momento da gestação.
O que mais chama a atenção no diabetes gestacional é a ausência dos sintomas clássicos da doença, o que dificulta o diagnóstico precoce. Assim, a orientação principal a todas as grávidas, de qualquer idade, é monitorar o nível glicêmico durante todo o pré-natal. O mais recomendado é fazer a coleta de sangue para conferir a glicemia em jejum de 8 horas na primeira consulta de pré-natal, devendo esta ocorrer ainda no primeiro trimestre. Além disso, entre a 24ª e a 28º semana deve ser realizado o teste de tolerância oral à glicose, também utilizado para rastreio da doença.
Por mais que todas as grávidas estejam sujeitas à diabete gestacional, existem alguns fatores de risco: obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial, histórico de diabetes na família ou em outras gestações, e ganho excessivo de peso na gestação. Pessoas que estejam com idade nos extremos da fase reprodutiva – com 14 ou 15 anos, ou acima dos 35 anos – também têm mais chances de desenvolver a doença.
São vários os riscos de quem tem diabetes gestacional: desde o aborto natural, passando pelo óbito do feto intrauterino, bem como complicações no parto, chance de o bebê nascer prematuro, ou com sobrepeso, e ainda malformações fetais e hipertensão para a mãe.
Se você está grávida e foi diagnosticada com diabetes gestacional, calma que não há motivo para pânico. Ao seguir as recomendações da sua médica de confiança, e também da sua nutricionista, as chances de complicações até o parto são minimizadas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o tratamento do diabetes na gestação reduz de forma significativa o risco de malformações congênitas e de mortalidade do bebê na primeira pós-parto. A boa notícia é que o tratamento não é difícil, mas exige disciplina. A alimentação, que precisa ser balanceada para todas as gestantes, deve ser ainda mais cautelosa pelas grávidas com diabetes. O ideal é cortar o açúcar, ou reduzi-lo ao máximo possível, evitando produtos industrializados e carboidratos simples, como pão, bolo, macarrão e outras massas.
Os adoçantes à base de aspartame, sacarina, acessulfame-k e sucralose podem ser usados como substitutos ao açúcar, no entanto é preciso cuidado com as quantidades, para evitar prejuízos ao bebê. O ideal é aproveitar o sabor natural dos alimentos, sem adição de açúcar e adoçante. Frutas devem ser consumidas com moderação, pois são ricas em frutose, que também alteram a glicemia. Para minimizar o impacto da frutose na glicemia, podem ser adicionadas fibras como chia, linhaça e aveia ou consumidas com alimentos fonte de proteína como leite e derivados.
Atividades físicas, sempre com orientação especializada, também ajudam a manter a saúde e os índices glicêmicos em dia. Em alguns casos, o tratamento para diabetes gestacional existe administração de medicamentos com a insulina, mas isso vai depender das condições gerais da mãe e do bebê. O tipo de insulina e a dose exata variam, por isso tem que ser algo definido pelo médico.
O mais comum é que a saúde da mulher volte ao normal após a gestação, sem sinais de diabetes. De todo modo, é necessário seguir com acompanhamento constante durante o puerpério, e também pelo período de amamentação. E, claro, contando com uma equipe de saúde multidisciplinar para que a gestação aconteça de forma segura e sem riscos à mãe e ao bebê.
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