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Somos todos sobreviventes

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Passados quase três anos do início da pandemia de Covid-19, podemos dizer que quem está lendo este artigo e eu, que o escrevo, somos todos sobreviventes. Nunca passei por um período tão complicado e incerto como esse. Sobrevivemos, mas não sem sequelas. Muitos ainda vivem o luto pela perda de entes queridos, outros se recuperam de sequelas físicas herdadas pela doença, e muitos, mas muitos mais, tentam lidar com as sequelas psicológicas que tudo isso deixou em cada um de nós.

Se individualmente sofremos todas essas consequências, no coletivo, não foi diferente. Ainda estamos juntando os cacos dessa bagunça toda e tentando buscar um equilíbrio novamente em todas as áreas. E isso não é um problema só do Brasil. Essa instabilidade é visível em todo o mundo. Tudo isso me veio à mente quando li um artigo que fazia uma interpretação positiva dos nossos índices econômicos, levando em consideração esse cenário adverso que vivemos.

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Fiquei tocado com aquilo e senti a necessidade de dividir a reflexão que fiz de pronto sobre o momento econômico brasileiro atual. Sem paixões nem otimismo exacerbado. Procuro me informar por diversas fontes, justamente para observar a pluralidade de ideias, mas recentemente tem me dado desânimo ao ler alguns artigos e reportagens que sugerem que o Brasil foi “destruído” e que a economia está “em ruínas”.

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Como já mencionei anteriormente, levando em consideração que estamos em época de retomada após um grande trauma, vi com bons olhos o último boletim do Banco Central, que hoje é independente do Governo, que prevê que a inflação vai fechar 2022, em 7,3%. Não é o ideal, mas é bem menos do que se imaginava no início do ano e do que foi em 2021. A se confirmarem as estimativas do Banco Central, o Brasil pode ter uma taxa de inflação menor do que grandes potências mundiais, como os Estados Unidos, que já acumulam até este mês 8,5%.

Os preços dos combustíveis acabam de cair novamente após a redução de importantes impostos estaduais sobre gasolina, etanol e diesel. O PIB brasileiro, pelos cálculos mais recentes, foi revisto para cima e deve subir 2% este ano. Para um ano pós-pandemia não é nada mal.

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Os índices de desemprego, pela primeira vez depois de seis anos, saíram dos dois dígitos. A última cifra é de 9,8%, menor do que era quando começou a pandemia. Neste ano, só de janeiro a abril, foram criados mais de um milhão de empregos com carteira assinada; em maio, o total de brasileiros com emprego formal estava próximo aos 42 milhões, um recorde na história do cadastro do Ministério do Trabalho, iniciado dez anos atrás. No total, com Covid e tudo, temos saldo positivo acima de dois milhões de vagas.

No comércio exterior, nos últimos 12 meses, o Brasil exportou quase US$ 310 bilhões e teve um saldo próximo aos 60 bilhões na sua balança comercial. A produção agrícola, em especial, vai bater um novo recorde em 2022.

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A análise desses índices todos me fez lembrar a velha história do copo: quem é pessimista enxerga o copo sempre meio vazio, perdendo energia para tentar enchê-lo. Quem é otimista enxerga sempre meio cheio – o que também não é bom, pois pode gerar estagnação e criar ilusões de sucesso. Já o realista entende que o copo está sempre na metade. Procuro com esse texto ser realista para que tenhamos a esperança de, em breve, ver o copo cheio. No final das contas, o equilíbrio é sempre a melhor saída. Já sofremos tanto com as incertezas da pandemia e suas consequências. Vamos valorizar o esforço de quem encheu o copo até a metade e nos unir para vê-lo completo.

E só conseguiremos completá-lo se dermos atenção absoluta ao legado mais cruel da pandemia, que foi o aumento da pobreza. Para combatê-lo, penso que a única receita é a união da sociedade e do Governo para desenvolvermos o país. Se cada um fizer a sua parte, priorizando o coletivo e olhando com cuidado para as causas sociais, de gota em gota, vamos encher o copo.

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