A partir deste título acima, parafraseado da música de Gilberto Gil e Capinam, “Soy loco por ti, América”, fica definitivamente patenteada minha paixão por Juiz de Fora, onde moro há mais de quase 75 anos, desde que nasci. E por ser louco por ti, Juiz de Fora, eu quase morro de emoção quando ouço Chico Buarque, ele mesmo, ele, o próprio Chico Buarque, num disco gravado durante show em Paris, em 1989, que, ao apresentar seus músicos, anuncia, “na percussion, Joãozinho Juiz de Fora”, se referindo ao nosso Joãozinho da Percussão. Viva Joãozinho da Percussão!
E haja coração quando sobrevoo o interior do Cine-Theatro Central, celebrado por sua exuberância, amado por sua majestosa arquitetura, patrimônio de toda uma eclética arquitetura urbana que se espalha por quase toda a cidade.
(Não se esqueça, Renato, de citar as feiras noturnas e a feira da Avenida Brasil). Mistureba de um visual que não cansa de ser explorado, no bom sentido, em todas as dimensões de minha paixão, apesar dos… Mas eu não quero falar de coisas ruins, quero falar do meu amor por ti, Juiz de Fora, instigante até na constatação dos mistérios dos trens que atravessam a cidade e só vão, só vão, só vão… Nunca voltam, sacolejando montanhas e rios, que se fundem na imaginação cronométrica e poética do jovem senhor das palavras, o jornalista Wendell Guiducci, que me faz acordar mais cedo toda santa terça-feira para ler sua coluna na Tribuna de Minas. Ele, Wendell, legado de Murilo Mendes, aquele que serrava palavras e dimensões líricas mundo adentro, (ô Renato, faz o favor de destacar, também, o Museu Mariano Procópio), e que um dia deixou as ruas de Juiz de Fora e foi percorrer as vias romanas, com talento, terno e elegância, elevando sua própria história em memoráveis memórias épicas de Pedro Nava, traçadas às margens barrentas do Paraibuna, que era dos índios, mas que, agora…
Mas eu não quero falar de coisas ruins, porque sou louco por ti, Juiz de Fora, com suas quermesses comerciais ruas afora, expondo guarda-chuvas, óculos para perto e para longe, meias, tênis, jabuticabas, quase tudo ‘dez real’… com todas as farmácias, os barbazinhos que embotam de cadeiras e mesas as calçadas de alegria e festa, na pipoca com queijo, no queijo, no beijo, nas saudades dos bondinhos e do velho trem Shangai, (não deixar de falar nos parques e reservas florestais que estão surgindo aqui e ali na cidade, Renato, por favor), que ia e vinha…
Só sei que sou louco por ti, Juiz de Fora, onde belas igrejas ostentam fé até na sua estética arquitetônica, Igreja da Glória e Igreja Metodista, por exemplo, uma cidade que não tem mais o Ronaldo Dutra Pereira, mas terá, para mim, sempre, o Ronaldo Dutra Pereira, a exaltação mais sincera da minha crença na dignidade desse povo, dessa cidade que me deixa louco de amor, e da certeza de que ela, a cidade, Juiz de Fora, um dia ainda vai cumprir seu ideal. Dá-lhe Geraldo Muanis, outro patrimônio da dignidade dessa cidade…
Falem bem ou mal de ti, Juiz de Fora, não adianta, sou louco por ti, sou louco por ti, Juiz de Fora, uma cidade que não precisou ser barroca para ser histórica, (por falar nisso, Renato: não excluir a histórica Praça da Estação, certo?), não precisou ser moderna pra ser cosmopolita. Antônio Carlos Duarte e Gérson Guedes que o digam. Cidade eternamente jovem no sorriso dos seus universitários e suas universitárias, cidade onde cabem todas as diferenças, por mais iguais que sejam. Só sei que sou louco por ti, Juiz de Fora, e ponto inicial.
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