Essa semana meu filho me mostrou um e-mail que recebeu com um texto de Rubem Alves chamado “Relacionamento”.
Achei tão interessante que resolvi compartilhar com os leitores as lições que retirei desse texto, escrito com uma simplicidade singular, porém merecedora de profundas reflexões.
Como o próprio nome diz, ele trata de relacionamentos entre casais, que eu me atrevo a estender também para relacionamentos familiares e entre amigos. O autor compara um relacionamento com dois jogos muito conhecidos entre nós: o tênis e o frescobol (este é aquele jogo que as pessoas jogam na praia com duas raquetes e uma bolinha).
Confesso que quando o autor propôs essa comparação, não consegui identificar onde ele pretendia chegar. Mas na medida que fui lendo fiquei maravilhada com as ideias apresentadas.
Ele diz que o relacionamento não pode ser igual ao tênis, pois nesse jogo o objetivo é derrotar o adversário. Joga-se tênis para fazer o outro errar, pois é por meio do erro do adversário é que se consegue a vitória.
No casamento, os parceiros não podem se enxergar como adversários, mas sim como companheiros. Um não deve ter como objetivo alcançar o erro do outro, achando que assim sairá vitorioso. Na verdade, a derrota será dos dois, pois não existe relacionamento marcado pela competição, mas sim pela solidariedade.
É com essa ideia que ele defende o casamento frescobol, pois neste jogo não há adversários, o objetivo é manter a bola em movimento o maior tempo possível, um jogando para o outro por meio de suas raquetes. Ninguém fica feliz quanto o outro erra, diferentemente do que ocorre no tênis.
Esse é o casamento que se deve buscar, marcado pelo companheirismo, pela colaboração, pelos ideais em comum.
E se um errar no casamento frescobol? Comemorar como no tênis? Não, se desculpar e começar novamente esse jogo maravilhoso em que os sonhos do casal, as fantasias, os objetivos, as dificuldades devem ser conquistadas e superadas a dois. Um pelo outro.
Rubem Alves diz: “A bola do jogo são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá… Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão… O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde. Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração”.
Com essa citação termino esse meu artigo convidando a todos para aceitarem a reflexão proposta pelo autor e colocá-la em prática, inserindo a ideia do frescobol em nossos relacionamentos pessoais, familiares e profissionais.
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