Não raro, somos chamados a responder por dívidas que não recordamos, mas que seguem anotadas em nosso caderno do passado. São compromissos que colocamos em nosso passivo por algum ou outro motivo e que seguem válidos ainda. Assim, a qualquer momento, podemos ser compelidos ao resgate por meio dos reajustes ou das quitações das dívidas, em especial com pessoas que não temos afinidades, mas que de algum modo nos encontramos conectados a elas. Estas pessoas são chamadas de cobradores ou inimigos, mas que, se olhados de um ponto de vista mais profundo, podem ser também consideradas como recordadores de nossas falhas pretéritas. São aqueles que nos fazem “andar na linha” com mais rigor ou olhar com atenção em nossas próprias falhas. As críticas vêm de forma honesta demais e que podem sensibilizar até mesmo aqueles que ficaram anestesiados com a bonança do tempo. É essencial resgatar as dívidas de modo a manter limpa a nossa consciência, bem como de trabalhar com afinco a fim de edificar patrimônio moral e espiritual a ponto de nos desvencilharmos do passado.
Entretanto, ao invés de sair como aqueles que perderam algum dia, devemos nos esforçar para sermos os vitoriosos, apesar dos pesares. Ou seja, aqueles que fizeram das dificuldades legítimas lições de aprimoramento sem perdas de tempos e recursos. As críticas honestas são fontes de ajustes e reparos, melhorias e esforços disciplinados. Com a devida reforma íntima, o domínio interior fica livre de máculas ou rachaduras. É o reino de Deus perfeito e esplendoroso de modo a permitir a habitação angélica e pacificadora.
Por isso, a insistência em Jesus Cristo em perdoar e amar os inimigos. Lição dura, mas necessária para quem trilha o caminho da perfeição. A perfectibilidade vem através do amadurecimento tanto do conhecimento, quanto da razão e do amor. Vencer o egoísmo e as barreiras da emoção contrária para que os resultados positivos venham de forma justa e natural. Ou como preferia dizer o dramaturgo inglês William Shakespeare: “bem está o que bem acaba”. Mais do que o desapontamento inicial ou a ‘cara feia’ de fazer o que não quer, a colheita bendita que vem através das ações corretas.
A justiça do mundo divino pode ser alcançada tanto pelas ações edificantes com vistas às colheitas justas, lei da ação e reação, quanto pela afinidade com Deus. Amar a Deus acima de todas as coisas e ao semelhante como a si mesmo, os dois mandamentos básicos de Cristo, constituem, portanto, diretrizes para viver com paz e alegria. As regras estão postas, cabe a cada um seguir a cartilha conforme suas intenções e valores, fé e desejos, disciplina e disciplina.
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