A recente tragédia no Rio de Janeiro, onde pacientes foram infectados pelo vírus HIV após transplantes, escancara os perigos de uma saúde submetida ao mercado. Quando vidas são colocadas à mercê do lucro, como fez o laboratório contratado, o que se perde é muito mais do que corpos doentes; arrisca-se a confiança em um dos sistemas de saúde mais eficazes do mundo, o SUS.
Não é a primeira vez que o Brasil enfrenta o impacto devastador da lógica capitalista aplicada à saúde. Episódios passados, como o da comercialização de sangue contaminado nos anos 1990, que ceifaram vidas como a do sociólogo Betinho, mostraram o que acontece quando a segurança é sacrificada em nome de interesses econômicos. Hoje, vemos novamente esse cenário se repetir.
O verdadeiro problema está na crescente influência do capital sobre um direito que é inalienável: o acesso à saúde pública de qualidade. A vida, em sua essência, não pode ser reduzida a números em planilhas ou a oportunidades de ganho. Quando a saúde vira mercadoria, os riscos aumentam, e a vida do povo se torna uma moeda de troca.
É por isso que o fortalecimento constante do SUS é essencial. Não podemos permitir que interesses privados sobreponham-se à vida da população. Um sistema público robusto, eficiente e transparente, com fiscalização rigorosa, é a única garantia de que tragédias como essa não se repitam. O ocorrido no Rio de Janeiro é inadmissível, e exigimos que todos os responsáveis sejam punidos.
A saúde não é mercadoria, e a vida não pode ser uma commodity. Somente o Estado pode garantir que a universalidade, integralidade e equidade no cuidado à saúde sejam preservadas, longe das mãos de quem busca apenas enriquecer. Justiça para as vítimas e rigor na fiscalização são o mínimo diante de uma tragédia que jamais deveria ter acontecido.
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