O princípio básico do fact-checking é simples: a checagem em fontes oficiais do que é divulgado, por exemplo, por candidatos a cargos públicos. Na prática, a situação é mais complicada, muitos dados não são de fácil acesso ou mesmo estão sob responsabilidade de pessoas que não têm o interesse em sua divulgação de forma correta. Com a dificuldade de haver ferramentas que verifiquem se o candidato está falando a verdade ou não, são comuns as falas exageradas e até as falsas afirmações durante o período de campanha.
O que é passível de ser checado é basicamente tudo o que contenha algum dado oficial que possa ser verificado. Engana-se quem pensa que não acreditar em seus políticos seja uma situação somente brasileira. Em várias partes do mundo, os políticos tradicionais e as estruturas que estes constituem são dotados de grande descrença por parte da população, e boa parcela disso vem das redes sociais.
Thomas Friedman, comentarista político do “New York Times”, em um artigo recente, intitulado “Revoluções”, atesta as redes sociais como “boas para destruir, mas não para construir”. Ele indicou como as chamadas “Revoluções de Facebook” foram determinantes para a descrença da população, especialmente, jovem na política. No Brasil, as jornadas de junho de 2013 foram uma demonstração de como os mais novos estavam indignados com o status quo, ou o popular “tudo o que está aí”, quando juntaram os mais diversos espectros ideológicos tendo como principal alvo a classe política. As marchas tiveram posições semelhantes aos movimentos Ocuppy Wall Street e Indignados, nos Estados Unidos e na Espanha respectivamente.
A descrença é verificada hoje no cenário brasileiro, inclusive em Juiz de Fora. É raro conversar com alguém que realmente se entusiasme em votar. A ordem para muitos é escolher o “menos pior”, o que comumente não significa ratificar propostas e planos de governo que serão vitais para a vida pública. As mais recentes pesquisas realizadas na cidade indicam que os maiores índices de rejeição aos candidatos estão focados justamente naquele que tenta se manter no poder e em uma representante do maior partido político do país, também o que sofre mais aversão segundo medições.
Neste sentido, a ideia de se checar o que é dito na política aparece como vital para reerguer a confiança neste segmento fundamental a qualquer país. O fomento de uma relação em que a sociedade civil possa confiar integralmente em seus políticos é uma das grandes contribuições que o jornalismo tem a capacidade de dar nos dias de hoje. Sabendo que há uma cobrança por propostas e informações verídicas, a tendência dos políticos é passar a divulgá-las com maior cuidado, enquanto a sociedade também estará mais atenta, já que também não tem assim o direito de se eximir com o “é tudo mentira mesmo”. Esta cobrança mútua também afeta outro fator vital para a confiança, a transparência dos órgãos oficiais, que hoje, de fato, pecam, mas grande parte disso deve-se a serem recentes e tão pouco procurados.
Claro que tudo isso passa por um dificílimo processo de reconstrução, como na metáfora de Friedman. Seu próprio jornal, o “New York Times”, faz um excelente serviço de fact-checking para as eleições de 2016. No Brasil, temos as três ótimas agências de checagem de informações, Lupa, Pública (blog Truco) e a Aos Fatos, com trabalhos consolidados e grandes serviços. Enquanto estes gigantes fazem sua parte, nós do Xeque Político, um blog recém-criado por estudantes de jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFJF (xequepolítico.wordpress.com), tentamos humildemente ajudar com nossa parte em todo este árduo processo. Esperamos que vocês gostem.