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O amor vence a espada

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Hoje, a Igreja Católica celebra São Pedro e São Paulo. Enquanto no Brasil a tradição popular segue a devoção aos santos nos festejos juninos, no Vaticano acontece a solene Celebração Eucarística dos Santos Apóstolos. Nessa ocasião, o Papa Francisco irá entregar os pálios sagrados aos arcebispos metropolitanos nomeados durante o último ano, entre os quais três são brasileiros. Um deles é Dom João Justino de Medeiros Silva, de Montes Claros (MG), que já foi reitor do Seminário Arquidiocesano de Juiz de Fora. Há; ainda, na agenda da Sé, o término da visita da Delegação do Patriarcado Ecumênico da Igreja Ortodoxa que vem estreitar o diálogo teológico entre as igrejas. Em novembro, a delegação católica retribui a visita na celebração de Santo André Apóstolo. Todos esses acontecimentos nos remetem à vida dos homenageados do dia.

Pedro, que se chamava Simão, mas recebeu o nome do próprio Jesus, que o via como “a pedra sob a qual edificaria sua igreja”, era pescador, mas deixou tudo para seguir o mestre e se tornar “pescador de homens”. De origem, portanto, humilde, era muito fiel e companheiro; esteve ao lado de Jesus em todos os momentos importantes de sua vida. Inclusive, desembainhou uma espada para protegê-lo de ser preso, mas foi severamente advertido: “quem vive pela espada, morre pela espada!”. Jesus, certamente, esperava que Pedro tivesse a coragem de defendê-lo com o amor que nutria por seu mestre, suas pala vras e seus ensinamentos… mas, nessa hora, ele o traiu, negando-o por três vezes numa mesma madrugada fria. Entretanto, o próprio Senhor o confirmou na fé, após sua ressurreição, com a chama do Espírito Santo e com a reconciliação. “Pedro, tu me amas?”, por três vezes perguntou, ao que, a cada vez, respondeu “sim, eu te amo!”. Tornou-se, assim, líder da primeira comunidade cristã, com a missão de “apascentar suas ovelhas”. Nunca mais recuou ou se escondeu; foi preso, torturado e selou seu apostolado com o sangue do martírio, sendo crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer como seu senhor.

Paulo, que se chamava Saulo, mas mudou seu nome para deixar para trás seu passado de violenta intolerância, era um fariseu zeloso, educado por grandes mestres da lei e chegou a ceifar com sua espada a vida de muitos seguidores de Cristo, por achar que era isso que seu deus esperava dele. Essa fé que lhe cegou a alma passou por uma conversão, quando, no caminho de Damasco, uma visão do próprio Jesus cegou-lhe os olhos. Curado no corpo e na alma, foi batizado, preparou-se para o ministério, tornou-se um grande missionário, pregando o Evangelho por toda parte, fundando diversas comunidades, sempre end ereçando-lhes epístolas com orientações doutrinárias. De perseguidor passou a ser perseguido, sofrendo agressão, tortura e prisão por sua fé, até ser martirizado por decapitação… morrer pela espada era considerado menos agressivo que pela cruz, um “privilégio” concedido a Paulo por conta de sua cidadania romana. Em sua iconografia, numa das mãos leva a espada. Não é aquela com que viveu nem a com que morreu, mas aquela com que “lutou o bom combate, terminou a carreira e guardou a fé”. Na outra, leva o conjunto de seus escritos, de onde se extrai o mais lindo e repetido hino ao amor. Amor que o Cristo viveu, nos ensinou e nos legou como seu mandamento.

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A data ainda é considerada o Dia do Papa, pois São Pedro foi o primeiro Papa da Igreja, além de ter sido o que permaneceu por mais tempo com esse título. Nesse sentido, o papado de Francisco é sinal permanente das atitudes e da pregação dos Santos Apóstolos, seja pelo ardor e pelo zelo missionários, seja pela abertura ao diálogo com o mundo e pela acolhida dos mais vulneráveis. Também sofrendo perseguições, o Sumo Pontífice continua abrindo portas, com as chaves de Pedro, ligando na terra e nos céus, abominando toda espada e todas as armas, m as, sobretudo, pregando o amor de Deus, com alegria e entusiasmo, em obras, ações e palavras.

“O Ungido de Deus leva o amor e a misericórdia do Pai até as extremas consequências. Este amor misericordioso exige ir a todos os cantos da vida para alcançar a todos, ainda que isso custe o bom nome, as comodidades, a posição… o martírio”, afirma Papa Francisco.

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