Entre o bem e o mal não existe neutralidade. Aquele que não vive pelo bem, só por essa omissão, já está forjando o mal em forma de negligência. Ao se buscar o entesouramento egoístico, naturalmente pelas escolhas feitas, ocorre o afastamento das benignas leis de Deus. Torna-se fundamental prestar atenção ao que se pede e se deseja ao longo desta vida.
Os ambiciosos reclamam mais reservas que podem usufruir. Os cultivadores da inveja exigem compensações que não lhes cabem colecionar; no mesmo rigor que os ociosos requerem prosperidade, sem esforço edificante. Extravagantes exigem por saúde, sem que tenham o menor cuidado com o corpo. Há o insaciável que deseja todos os bens, esquecendo-se das necessidades dos outros irmãos de caminhada.
Lamentavelmente, tudo isso é uma verdadeira loucura, a fantasia dos corações que se atiraram na posse de coisas mutáveis e efêmeras. A grande maioria, utilizando as mais variadas justificativas, invade o direito alheio, para usufruir vantagens que não lhes pertencem ou não lhes dizem respeito. Seja onde for, ou o lugar em que se esteja, é devido por obrigação cristã respeitar o patrimônio material e espiritual do próximo, para que haja a sonhada conquista do equilíbrio social.Necessitamos vigiar, cautelosamente, nossos planos, desejos e passos. Viver no mundo sem nos deixarmos dominar por enganos vigentes, mesquinharias temporárias e ilusões passageiras.
“Quem não está comigo é contra mim, e quem não ajunta comigo espalha” (Lucas 11:23). Os ensinos do Cristo requerem de seus aprendizes o posicionamento claro, da mesma forma que não há neutralidade entre o bem e o mal, de igual modo não existe território intermediário entre a verdade e a mentira. Aquele que por qualquer pretexto foge à verdade, inevitavelmente, cairá nas teias dos enganos, colhendo danosos resultados.
Busquemos sempre a verdade, acima de tudo, a verdade que emana do Criador diretamente aos corações de todos nós, filhos diletos do Pai, com interesse sublime nas lições para o nosso progresso, em busca da serenidade e da paz. Essas emoções não existirão em nós sem o exercício imperioso da caridade. Caridade que deve ser exercida sem cobrança. Caridade pura e simples, que burila nosso orgulho, lapida as nossas vaidades e alivia o sofrimento alheio em seus mais diversos matizes. Que eleva ao mais alto o estandarte da verdade Cristã, exposta no Evangelho Segundo o Espiritismo: “Fora da caridade não há salvação”.
Caridade exercitada na mesma medida que respeitamos as leis que regem o país em que vivemos. Caridade aplicada a cada instante em que o condutor do veículo respeita o pedestre. Quando, mesmo não concordando com o ponto de vista alheio, respeito a opinião do interlocutor, não ofendendo nem arranhando o seu brio. Verdade e caridade, dois condutores basilares de todo aquele que pretende a grande revolução, em prol do bem-estar de todos, com todos e por todos; a revolução do amor, tão bem ensinada e vivenciada pelo Cristo.