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Um ano da tragédia de Brumadinho

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Exatamente às 12h28 de sábado (25), completou um ano que a Vale cometeu, talvez, o maior crime socioambiental da história brasileira e um dos maiores do mundo, deixando rastros de mortes (até agora 270 vítimas) e de destruição em Brumadinho. Como membro da Coordenação Colegiada do Fórum Mineiro dos Comitês de Bacias Hidrográficas (FMCBH), que agrega 16 comitês em nosso estado, tenho acompanhado os desdobramentos dessa tragédia. Não podemos nos esquecer que três anos antes já havia acontecido outro crime semelhante em Mariana, matando 19 pessoas.

A Revista Manuelzão, da UFMG (n°84, março/2019), publicou meu pronunciamento feito durante a reunião conjunta do FMCBH com o Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH, fevereiro/2109, Belo Horizonte); transcrevo um trecho: “O problema não foi com as sirenes da Vale no Córrego do Feijão em Brumadinho, como afirmou a direção da empresa, o problema foi e são as sirenes do Judiciário, do Legislativo e do Executivo. As sirenes dos poderes no Brasil estão constantemente danificadas! Mesmo que funcionassem, os ouvidos dos seus membros estão constantemente surdos”.

Para comprovar o que afirmei, só agora (no dia 21) que o Ministério Público de Minas Gerais denunciou o ex-presidente da Vale Fabio Schvartsman e mais 15 pessoas, além das empresas Vale e TÜV SÜD pelo crime de homicídio doloso. Ainda, de acordo a Promotoria, de forma inconsequente, as duas empresas emitiam falsas declarações de condição de estabilidade de pelo menos dez barragens mineiras, chamadas de “top 10”, onde se incluía a de Brumadinho. Afirmam os promotores que era uma lista mantida sigilosamente, internamente, pela Vale, de barragens em situação crítica de segurança.

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Além das perdas humanas, essa tragédia disseminou a dor, a tristeza, a sensação de vazio e de abandono que se abateu sobre as famílias e os amigos. O secretário municipal de saúde de Brumadinho recentemente afirmou que, em 2019, o uso de ansiolíticos aumentou quase 80% em comparação com 2018. Uns perderam a família, outros o emprego, a terra onde trabalhavam, a casa, a esperança! Temos, ainda, os imensuráveis impactos à biodiversidade na Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba. Tudo isso aconteceu por conta da irresponsabilidade de uma empresa que busca a maximização dos lucros e a subestimação de riscos. Esse modelo levou à tomada de decisões equivocadas, negligentes e irresponsáveis que culminaram neste evento criminoso.

Termino reproduzindo aqui as palavras de Carolina de Moura, do Movimento Águas e Serras de Casa Branca – Brumadinho: “Nossa terra sangra, nosso povo chora, nossa luta continua”.

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