O Brasil vive há algum tempo o seu inferno astral. Na área econômica com o desemprego, na desigualdade social que voltou a crescer, na violência que assusta, na corrupção que corrói. Todos esses fatos foram provocados pela profunda e vergonhosa crise política que assola e arrisca a nossa democracia. O resultado de tudo isso é uma população totalmente perdida e uma classe política desacreditada.
Como um bom mineiro, adoro um dedinho de prosa e venho conversando muito com as pessoas. Vejo cada vez mais forte a descrença nos olhos dos trabalhadores e das trabalhadoras, a desconfiança nas palavras daqueles que sofrem com tudo isso e a decepção daqueles que acreditaram em certas lideranças que hoje estão nos jornais acusadas de desvios. Vejo o cansaço daqueles que por anos militaram em partidos políticos e que se sentem enganados. Vejo a tristeza daqueles que não veem saídas para tudo isso. Vejo também a raiva dos que querem, a todo custo, ver todos os envolvidos em corrupção devidamente punidos. Tudo isso nos faz pensar em quais são os rumos que devemos tomar, aprendendo com os erros e evitando que eles se repitam.
As eleições se aproximam, e, com isso, grupos já se articulam, partidos já se reúnem, quadros já se apresentam para a disputa. Mas as eleições nos trazem alguns questionamentos: haverá renovação? Qual ou quais candidatos poderão se apresentar como uma alternativa viável de transformação política? A verdade é que, quando olhamos os pré-candidatos, nos vem uma sensação ainda mais forte de que tudo continuará como antes e que nada mudará. O sistema nos oferece opções não confiáveis, e nós temos que escolher a “menos pior”. Uma democracia que é incapaz de renovar seus quadros viverá sempre entre crise de representação e crise de legitimidade. Precisamos de novas lideranças, e esse talvez seja o maior desafio do sistema político brasileiro.
Como diria Lenine, “a sombra do futuro, a sobra do passado, assombram a paisagem”. Estamos nos acostumando a voltar ao passado quando o futuro se apresenta ainda mais incerto. Outras vezes nos arriscamos, damos um salto no escuro e caímos no abismo logo à frente. Não podemos nos acomodar, o caminho é a participação. Só conseguiremos renovar a política com a renovação dos candidatos e com um sistema eleitoral que permita uma disputa justa entre todos os postulantes. Novos quadros, novos perfis. Nessa renovação a juventude é essencial. A juventude, com sua garra e coragem, deve se apresentar para defender suas bandeiras, apresentar suas ideias, ocupar os espaços daqueles que perderam a capacidade de fazer política séria e comprometida com a população. Este artigo é um convite à mobilização. Não podemos desanimar nem desistir da luta democrática. Lembro-me das palavras de Ulysses Guimarães: “Há pessoas que nascem para contemplar o mundo e outras nascem para construir o mundo. De que lado você está?”.