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Existe solstício no universo paralelo

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“Pode ser e pode não ser – Sexto Empírico em Hipotiposes Pirrônicas”

A filosofia cética talvez seja a mais bela entre todas as filosofias, mas nela reside um grande problema que é o de desestabilizar e dizimar toda e qualquer verdade. Já que o acúmulo das verdades é a raiz de toda perturbação humana, penso que abrir mão delas é ainda mais custoso para o indivíduo do que abrir mão de seus próprios bens materiais. O ceticismo, por não crer nas verdades emanadas pela sociedade, foi varrido do mapa simplesmente porque crê em algo transitório, porém a crença neste algo transitório nada mais é do que a busca incessante, mas inalcançável, da própria verdade.

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O ceticismo é a própria liberdade de consciência, é o antes da escolha, e, por assim ser, seu estado de questionamento é constante, provocando um estado dialético contínuo, mas livre da angústia decantada da modernidade. Seu exercício, diria Pirro de Élis, é uma arte. Devido a esta fluidez de pensamentos – percepções, afecções e ideias -, é impossível ter um posicionamento permanente, o que leva a uma falsa interpretação por parte daqueles que o criticam. É inevitável observar, porém, que: se todo cético possui uma crença, todo crente possui uma dúvida, mas se as crenças céticas são transitórias, as dúvidas daqueles que creem são constantes, e talvez por isso estes precisem sempre de algo – ideologia religiosa, política ou afins – para confortá-los.

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A verdade propagada por aquele que a possui é sempre um instrumento de dominação e legitimação do poder. Ademais, aquele que dogmatiza, ou está de posse do podre poder, manipula tal verdade de uma maneira pragmática para submissão do próximo e também para benefício próprio. Ao introduzir uma falsa verdade, o dogmático pensa que liberta, mas na realidade ele escraviza seus seguidores, o que somente demonstra uma total falta de coerência e amor ao próximo.

Os pirrônicos, capitaneados por Pirro de Élis, nunca, sequer, se deram ao trabalho de escrever, já Sexto Empírico o fez tomando o cuidado para descrever, e não dogmatizar. Percebo com isso que, a cada dia, hoje mais do que ontem, se a verdade anula o indivíduo, o condicionamento de ser e do Ser o destrói. Dito isso, bom mesmo foi a confraternização da icônica galera da Rua Dr. Gil Horta no Bar do Bigode no dia 17, afinal de contas, já são mais de 50 anos de tradição, e aqueles, sim, sabem o que é viver.

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