O câncer de mama continua sendo o que mais mata as nossas mulheres. Neste ano, a doença vai vitimar mais de 60 mil brasileiras. Aqui, em Minas, teremos uma incidência projetada de 5.500 novos casos de câncer de mama. Na gestão passada, Minas Gerais abraçou, de forma clara e inequívoca, como uma prioridade de saúde pública, o enfrentamento aos desafios do câncer de mama. Tínhamos e ainda temos muitos desafios a vencer. Buscamos, durante a minha presença no Estado como gestor estadual, modificar processos que eram fundamentais para melhorar o acesso das mulheres ao tratamento.
Na faixa do rastreio da mamografia, tão fundamental na saúde pública, conseguimos, com o apoio das entidades médicas, dispensar a solicitação médica do exame. Era um verdadeiro paradoxo. Se o critério não é o estado clínico e sim a idade para o exame de rastreio, Minas inovou, e hoje a indicação é a idade. A mulher não precisa mais de um exame médico. Assim, eliminamos um dos gargalos do acesso à mamografia.
No Brasil, o rastreio ainda é indicado para mulheres de 50 a 69 anos. Mas pasmem ! Quase 26% das vitimadas pelo câncer têm a sua incidência entre 40 e 50 anos. Nada mais razoável, então, que alargar a faixa de rastreio do câncer de mama. Assim, Minas passou a oferecer a mamografia de rastreio para todas as mulheres de 40 a 50 anos, com recursos exclusivamente do Tesouro estadual.
Outro desafio é o diagnóstico tardio do câncer de mama. Infelizmente, na nossa realidade, a imensa maioria das mulheres chegava nos serviços públicos com estágio 3 e 4, quando a perspectiva de cura é um caminho mais difícil e mais tortuoso. Fizemos, então, uma engenharia de processo, oferecendo incentivo financeiro aos hospitais de câncer para que captassem precocemente estas mulheres. Muitas tinham o laudo radiológico da mamografia, mas demoravam de seis a oito meses para conseguir o exame necessário ao estadiamento correto e ao início adequado do tratamento. Esta iniciativa tão singela, que custou aos cofres públicos mil reais per capta no código de mamografia bilateral de rastreio, trouxe um número expressivo de mulheres e, principalmente, um número muito grande de cânceres iniciais em tratamento.
A partir daí, iniciamos uma verdadeira cruzada para ofertar a mamografia. Colocamos na estrada dez mamógrafos móveis, atendendo, assim, os vazios assistenciais. Nestas unidades móveis, em algumas regiões, dois terços das mulheres, algumas com mais de 60 anos, tiveram a oportunidade de fazer a sua primeira mamografia.
Dois anos depois, nenhuma destas iniciativas está de pé com vigor. Neste ano, teremos 250 mil mamografias a menos que em 2013. Há uma redução de 20% no número de caminhões, e há dois anos o incentivo financeiro não é pago aos prestadores. O caminho da reconquista dessas ações está na vertente da mobilização do cidadão. Estou convicto de que, com a participação da sociedade, com ações como o Outubro Rosa, temos a chave para vencer este e tantos outros desafios que nos impõe a saúde pública.