A afirmação que dá o título da crônica sempre me impressionou, e continua impressionando, por ser firme e categórica mas dando margem a várias interpretações. É dirigida à consciência de cada um de nós com seus termos e significados que vão além de sua literalidade.
Segue minha interpretação, e podem existir outras. Estimulo os leitores para refletirem sobre ela e procurarem outras. Senão, vejamos:
“Pai”: é a Alma Superior Universal, de onde viemos e para onde retornaremos, à qual dirigimos nosso pedido, nossa súplica para ajudar-nos; e, também, é o nosso genitor biológico, a quem sempre podemos recorrer para nos auxiliar quando necessitamos, quando temos questões e problemas que, sozinhos, não conseguimos solucionar.
“afaste de mim”: tire do meu caminho, desvie, distancie. Como uma ordem – uma regra, uma disposição para se chegar a um determinado fim – ou uma sentença – uma decisão irrevogável, um veredito.
“este cálice”: cálice ou cale-se.
O primeiro termo – cálice – nos leva a pensar que está voltado para a bebida, para não chegarmos ao vício e à doença do alcoolismo, que, hoje em dia, atormenta e inferniza a vida de milhões de pessoas pelo mundo, tanto suas vítimas diretas como os familiares das mesmas.
Já “cale-se” é para evitarmos atender a censura que nos for imposta e que sabemos ser injusta ou autoritária feita por outra pessoa ou por orientação oficial ou governamental. No mundo moderno existem várias fontes, origens diversas de orientações e até proibições, voltadas para atingir milhões de pessoas, que desavisadas ou sem refletirem, com seriedade e profundidade, as acatam e seguem, cegamente, ferindo-as, fazendo sangrar sua alma.
A continuidade da letra da música: “de vinho tinto e de sangue” reforça as interpretações feitas acima.
“Pai, afaste de mim este cálice”, além de sua beleza poética, reforçada pela música que a contém, deve ser usada em nossos pensamentos e reflexões sobre a vida e como devemos vivê-la: sóbrios e atentos.
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