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O mar não está para peixe

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O que está acontecendo com o Brasil? Será que as pessoas têm a real dimensão de tudo aquilo que estamos vivenciando? Será que os impactos advindos dos mandos e desmandos de políticos estão sendo prospectados em relação aos grandes estragos que eles podem causar? Será que os próprios políticos, representantes democráticos do povo, têm a real clareza disso?

Estamos, realmente, à beira de um verdadeiro colapso social, em que as ideologias parecem ser inimigas umas das outras, e a política parece ter perdido o seu poder de representatividade junto aos interesses coletivos dos cidadãos? O sistema ideológico político brasileiro precisa ser revisto? Em torno de quais moldes? O que está dando errado?

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Em recente pesquisa acadêmica desenvolvida pelo nosso grupo de pesquisas aqui na Universidade (Grupo de Pesquisas e Estudos Aplicados sobre Comportamento Organizacional – Gepaco) e realizada junto a aproximadamente 1.200 universitários brasileiros, os resultados evidenciaram algo muito preocupante: as pessoas não têm clareza e compreensão sobre o que é política e o que é partido político, e não sabem mais dimensionar a real importância da política em suas vidas tamanha sua descrença com o atual cenário.

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Do total de pesquisados, 88% afirmaram que o Brasil vive uma grave crise ética. Apenas 16,2% concordam que os partidos políticos brasileiros têm credibilidade. Já 57,9% afirmaram concordar que anular o voto é uma atitude política. Apenas 13,8% dos respondentes consideraram que aqueles que se envolvem com política o fazem por paixão. A grande maioria (87,7%) concorda que a política, no Brasil, está em um cenário muito distante do atendimento real dos interesses da sociedade civil. Outros 85,1% afirmam que as pessoas não sabem a importância da política em suas vidas. Ainda, 62,2% afirmam não se lembrar em quem votaram nas últimas eleições. Estes e outros dados nos fazem ligar o sinal de alerta: jovens universitários, potenciais agentes de mudança deste atual cenário, amplamente frustrados com o cenário atual. Parecem paralisados, entorpecidos pela avalanche de denúncias e vivências confusas provocadas por sensações mistas ora de ansiedade, ora de real falta de perspectivas.

O que ainda resta frente a tudo isso? Acreditar na força representativa da Constituição brasileira; na isenção e credibilidade do Judiciário para apurar, imparcialmente, todas as denúncias de falcatruas; na força social da própria população em, de forma coletiva, conclamar pela moralização de tudo; povoar este país com educação de qualidade na formação de cidadãos cônscios acerca da sua própria realidade; encher de esperança o peito dos nossos jovens incitando-os a serem, de fato, nossos reais agentes de mudança. E muito mais coisa. É preciso este esforço. A mudança precisa acontecer. A realidade atual nos faz supor que a Poliana, hoje, não veria mais tudo cor-de-rosa, mas sim cinza, com ares de tempestade brava e sem precedentes, vindo por aí. Nem mais para fugir da realidade temos um plano esclarecido de rota, não sabemos nem mais para onde correr.

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