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“O Homem com Mil Filhos” e a essencialidade da ética na reprodução assistida

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Imagine descobrir que você tem centenas de irmãos espalhados pelo mundo? Esta poderia ser uma história de ficção científica, mas é a realidade exposta pelo documentário da Netflix “O Homem com Mil Filhos”. Jonathan Meijer, que se apresentava como o “doador perfeito” – alto, bonito, com belos cabelos e comunicativo – infringiu as regras de doação de sêmen da Holanda. Ao contrário do que prometia, ele doou material genético para muito mais de cinco famílias.

Segundo as leis holandesas, um doador pode ajudar a conceber no máximo 25 crianças de até 12 famílias diferentes. Meijer, porém, superou esse limite em várias clínicas e ainda oferecia doações de modo “natural”. Quando uma clínica atingia o limite, ele simplesmente se transferia para outra, expandindo sua rede de descendentes por diversos países.

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Esse caso chocante destaca a importância de uma regulamentação rigorosa e da ética na doação de sêmen. No Brasil, seguimos a Resolução 2.320/2022 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que estabelece diretrizes claras para as técnicas de reprodução assistida. Em nosso país, a venda de sêmen é proibida e o anonimato dos doadores é garantido pelas normas da Anvisa.

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Essas diretrizes garantem que os procedimentos sejam realizados dentro dos mais altos padrões de ética médica, assegurando que os tratamentos não representem riscos à saúde dos pacientes e seus futuros filhos. Homens que desejam doar sêmen devem atender a critérios rigorosos. Os doadores ainda passam por um check-up médico completo.

Seguir essas normas é essencial para garantir um processo seguro e transparente. Afinal, estamos falando do sonho de várias famílias, de pessoas que já estão, na maioria das vezes, passando por um momento de fragilidade e precisam ganhar esperanças e não novos problemas.

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O ideal seria que histórias como a de Jonathan Meijer só existissem na ficção, não é mesmo? Trabalhar com reprodução assistida, em qualquer lugar do mundo, exige essencialmente ética. Clínicas e profissionais da área precisam compreender a enorme responsabilidade que carregam e proporcionar o melhor cuidado possível para seus pacientes.

A reprodução assistida não é apenas uma ciência; é o caminho para a construção de muitas famílias. Uma prática que exige seriedade, empatia, respeito e, acima de tudo, ética. Devemos garantir que a busca pelo milagre da vida nunca se transforme em um pesadelo de irresponsabilidade. É uma questão de compaixão e, sobretudo, de humanidade.

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