Dois mundos contraditórios podem se unir? Esta é a principal pergunta que fazemos. O universo masculino é mais rústico, competitivo e agressivo. O feminino é mais complexo, polido e compreensivo. Na arena masculina, percebemos um homem amante e procurador do poder, seja de qualquer modalidade. No mundo feminino, é perceptível sua amabilidade em sintonia com a delicadeza. Por que então é tão natural que dois mundos distantes se aproximem e se unam?
Estas heterogeneidades de universo não perdem sua individualidade mesmo depois de seu vínculo consistente. Homem e mulher se complementam e se realizam quando o diálogo é construído com o coração. O casamento é um instrumento jurídico que satisfaz o patrimônio. Mas ao mesmo tempo, acredito, deve ser algo espontâneo e nascido sobre as vibrações emotivas.
Para um psiquiatra de renome nacional, o casamento “é uma prisão de cinco estrelas”, ou seja, uma prisão agradável. Para outro jurista, o casamento “é a multiplicação dos deveres e diminuição dos direitos”. Argumentos favoráveis e desfavoráveis são muito comuns na sua fecunda doutrina.
Nós achamos que o casamento é uma história de enredos variados. Com dramas e tristeza ou alegria e felicidade. A convivência noturna deve ser da intensidade do odor de uma dama da noite. Neste período, os atritos são quase inexistentes. Mas achamos que os brilhos galácticos do casamento são os filhos. É a fantasia concreta do sol do meio-dia.
O casamento é a acumulação de momentos heterogêneos. Por exemplo: depois do almoço, com o estômago cheio e mal-humorado, como é possível conciliar dois universos extremamente diferenciados? O importante são as plataformas que alicerçam essa união. Amor maduro é uma balança que suporta toneladas de inconveniências e expulsa os dejetos que criam barreiras, impedindo a felicidade de passar.
O casamento não tem hora para nascer. Ele é um revestimento duradouro que torna nossa vida psicológica saudável. Quando vem tarde é porque a convivência será menor. Então se torna obrigatório acelerar sua intensidade emotiva e buscar os frutos com brevidade.
Fechar as portas para sua realização é contribuir por passar no mundo sem deixar rastros sequenciais para a manutenção de sua estirpe hereditária. Abrir com convicção é a oportunidade de acreditar que o amor maduro poderá germinar frutos saudáveis infinitamente. O amor maduro é exigente e seletivo. Mas depois que acontece é durável e poderoso, apesar de ser mais raro do que as gigantes labaredas instantâneas da paixão.
O amor maduro é uma construção que se mantém nova devido às experiências de seus construtores. Há permanente evolução pessoal mútua, pois sabemos que quanto mais realizado fora do casamento, mais isto refletirá na sua permanência. É como uma sociedade lucrativa que tem condições de se manter viva, o mesmo não acontecendo com uma que está em crise, em que as possibilidades de ser desfeitas são grandes. Os êxitos alimentam a união de regularidade psicológica.
O amor maduro é uma troca de qualidades. Há equilíbrios entre o homem e a mulher, pois somente assim eliminam-se os interesses, que são um veneno para sua permanência. Por ainda acreditar nesta instituição que mantenho sempre abertas as portas.