A ressurreição de Cristo é princípio e fonte de nossa ressurreição futura. Mas quem ressuscitará? Apoiando-se nas afirmações das Sagradas Escrituras, a Igreja Católica explica que “aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação” (João 5,29; Daniel 12,2). Confirmando a divindade de Cristo, a ressurreição é a verdade culminante da fé cristã. A Igreja primitiva atesta a verdade de que “fiducia christianorum resurrectio mortuorum; illam credentes, sumus” = “a confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela, somos cristãos” (escreveu o teólogo Tertuliano, nascido no longínquo ano 155).
De que maneira iremos ressuscitar? Cristo ressuscitou com seu próprio corpo: “Vede as minhas mãos e os meus pés: sou eu !” (Lucas 24,39). Da mesma forma, todos ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm agora; porém, este corpo será “transfigurado em corpo de glória” (Epístola aos Filipenses 3,21), “em corpo espiritual” (1Cor 15,44). A expressão “ressurreição da carne” significa que o estado definitivo do homem não será apenas a alma espiritual separada do corpo, mas que também os nossos corpos mortais um dia readquirirão a vida. Contudo, compreender como acontecerá a ressurreição supera as possibilidades da nossa imaginação e do nosso intelecto.
É a fé, fundada na revelação divina, que nos dá acesso àquilo que transcende a razão humana. A ressurreição de Cristo é ao mesmo tempo um acontecimento histórico (constatável e atestado por meio de testemunhos e sinais) e transcendente. Dirigindo-se a Tomé, que por sua vez buscava provas da ressurreição, Cristo advertiu: “Bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20,29). É verdade que crer só é possível pela graça, ou seja, a fé é um dom sobrenatural dado por Deus. Mas não é menos verdade que crer é um ato autenticamente humano. Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina. Deus nos chama a crer na ressurreição, mas sem coação, porque o ato de fé é por sua natureza voluntário.
Convém ensinar às crianças que o popular ovo da Páscoa é um símbolo que representa a fertilidade e o renascimento da vida. Que a mensagem da Páscoa possa conservar em todos nós aquele desejável respeito e amor à vida humana, desde a concepção até a morte.
A morte é transformada por Cristo e graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. A visão cristã e positiva da morte é expressa de modo privilegiado na liturgia da Igreja: “Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível” (Missal Romano: Prefácio dos defuntos).
“Já temos em nosso corpo uma semente da ressurreição; por isso, devemos respeitá-lo, assim como deve ser respeitada e amada a vida das pessoas que sofrem, para que sintam a proximidade do Reino de Deus, da condição eterna de vida para a qual caminhamos” (Papa Francisco).
Desejo a todos uma santa e abençoada Páscoa !