O Natal nos fala do amor de Deus, porque, por amor, Deus revelou-se e doou-se ao homem.Traz assim uma resposta definitiva e superabundante às questões que o homem se faz acerca do sentido e do objetivo de sua vida. Mas quem é Jesus Cristo? Cedo, a Igreja Católica teve que defender a verdade da Encarnação, isto é, o fato de Deus ter assumido uma natureza humana para salvar-nos, reconciliando-nos com Deus. Desde os primeiros séculos, a Igreja afirmou, sem hesitação, que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
O I Concílio de Niceia, no ano 325, declarou que Jesus é gerado, não criado, consubstancial ao Pai, isto é, um só Deus com Ele. Este Concílio condenou a heresia de Ario, que afirmava que “Jesus veio do nada” e que ele seria “de uma substância diferente da do Pai” (arianismo). Um homem chamado Nestório via em Cristo duas pessoas: uma pessoa humana unida a uma pessoa divina. Para ele, Cristo não devia ser chamado de Deus Homem, mas sim de Theophoro (traz Deus). Em consequência disso, a Virgem Maria devia ser chamada não de mãe de Deus, mas apenas de mãe do Cristo.
Contra esta heresia (nestorianismo), o Concílio de Éfeso, no ano 431, definiu que as duas naturezas, divina e humana, estavam em Jesus Cristo unidas hipostaticamente, isto é, de maneira a constituírem apenas uma pessoa que reunia em si não só os atributos da divindade mas também os da humanidade. Este Concílio de Éfeso proclamou que Maria se tornou de verdade Mãe de Deus pela concepção humana de Deus no seu seio: Mãe de Deus, não porque Jesus tirou dela a sua natureza divina, mas porque é dela que ele tem o corpo sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1,14).
A Igreja ensina que sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Cristo tem uma inteligência e uma vontade humanas, perfeitamente concordantes com e submetidas à sua inteligência e vontade divinas, que tem em comum com o Pai e o Espírito Santo. A vontade humana de Cristo segue a vontade divina, sem estar em resistência nem em oposição em relação a ela, mas antes sendo subordinada a esta vontade “todo-poderosa”. A Igreja sempre reconheceu que, no corpo de Jesus, Deus, que por natureza é invisível, se tornou visível aos nossos olhos. Por isso, o II Concílio de Niceia no ano de 787 reconheceu como legítimo que Jesus seja representado em imagens sagradas.
Na certeza de que o Natal nos chama à comunhão com Deus que se fez homem, lembremo-nos das seguintes palavras de Nosso Senhor: “Eu sou a luz do mundo; o que me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (João 8,12).
Para todos, desejo um santo e abençoado Natal !
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