Num mundo caracterizado pela dispersão, pelo relativismo moral e pelas múltiplas mensagens, o Natal nos anuncia aquele que é o caminho, a verdade e a vida (João 14,6). A verdade profunda, tanto a respeito de Deus como da salvação dos homens, manifesta-se-nos por esta revelação na pessoa de Cristo, que é simultaneamente o mediador e a plenitude de toda a revelação (Concílio Vaticano II). A sagrada escritura anuncia que é em Cristo que habita corporalmente toda a plenitude da divindade e que não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos (Epístola aos Colossenses 2,9; Atos dos Apóstolos 4,12).
Jesus quer dizer, em hebraico, Deus salva. O anjo Gabriel dá-lhe como nome próprio o nome de Jesus, que exprime ao mesmo tempo sua identidade e missão (Lucas 1,31). Cristo vem da tradução grega do termo hebraico messias, que quer dizer ungido. Deus o ungiu com o Espírito Santo e poder (Atos dos Apóstolos 10,38). Portanto, é em Jesus Cristo que os homens encontram a plenitude da vida religiosa. A Igreja Católica afirma que se deve distinguir entre fé cristã e crença nas outras religiões. Se fé cristã é aceitar, com o auxílio da graça, a revelação definitiva e plena de Deus em Jesus Cristo, a crença nas outras religiões é o conjunto de pensamento e experiência religiosa ainda à procura da verdade absoluta e ainda carecida do pleno assentimento a Deus que se revela. Baseada na fé, esta distinção entre o cristianismo e as outras religiões nada tira ao fato de a Igreja nutrir pelas religiões do mundo um sincero respeito, mas, ao mesmo tempo, exclui de forma radical a mentalidade indiferentista e relativista que leva a pensar que tanto vale uma religião como outra. Assim, sobre o diálogo inter-religioso, a Igreja explica que a paridade, que é um pressuposto do diálogo, refere-se à igual dignidade pessoal das partes, não aos conteúdos doutrinais e muito menos a Jesus Cristo em relação aos fundadores das outras religiões.
Jesus Cristo tem para o gênero humano e para a sua história um significado e um valor singulares e únicos, só a ele próprios, exclusivos, universais, absolutos. O Natal anuncia que Jesus Cristo é, de fato, o verdadeiro Deus feito homem para todos salvar e tudo reconciliar. Jesus Cristo é o ponto para o qual tendem os desejos da História e da civilização, o centro da humanidade, a alegria de todos os corações e a plenitude das suas aspirações. É aquele a quem o pai ressuscitou dos mortos, exaltou e colocou à sua direita, constituindo-o juiz dos vivos e dos mortos (Concílio Vaticano II). Precisamente esta singularidade única de Cristo é que lhe confere um significado absoluto e universal, pelo qual, enquanto está na História, é o centro e o fim desta mesma história: Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim (Apocalipse 22,13) (Papa João Paulo II: Encíclica Redemptoris missio, n° 6). Desejo aos leitores um santo e abençoado Natal!