Os recursos hídricos constituem um bem natural de valor ecológico, social, econômico e cultural cuja utilização deve ser orientada pelos princípios do desenvolvimento sustentável. As nossas mãos podem destruir a natureza ou torná-la cada vez mais saudável, produtiva e protegida. No passado histórico, a Bacia Hidrográfica do Paraibuna, em função da cultura cafeeira, constituiu-se numa das áreas de Minas Gerais onde as “nossas mãos” mais destruíram os ecossistemas nativos existentes, inclusive os recursos hídricos.
Como no dia 22 de março comemora-se o Dia da Água, no dia 24 de novembro, foi instituído o Dia do Rio, objetivando conscientizar os nossos governantes, empresários e a sociedade em geral sobre a preocupação que devemos ter em relação à grande escassez da água em muitos rios brasileiros – em 2017, incrivelmente, os rios Araguaia e Tocantins, em plena Amazônia, estão praticamente secos (<https://www.youtube.com/watch?v=TrAtPHMs9Lg>).
Historicamente, a quase totalidade das civilizações e das cidades foi construída às margens dos rios, aproveitando suas águas para as mais diversas atividades (abastecimento humano, dessedentação de gado, saneamento básico, pesca, irrigação, navegação, geração de energia, etc.). Desde os tempos remotos, estabeleceu-se uma cultura de se jogar nas águas servidas dentro dos rios, com a falsa ideia de que ele não sentiria os impactos de tal ato. Após o advento da Revolução Industrial, aliado ao processo de urbanização após a década de 1960, inclusive nos países subdesenvolvidos, as cidades cresceram, e a quantidade de esgoto, também.
O que se detecta é que a vazão dos rios, em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, não foi e não é suficiente para depurar a sujeira neles lançada. Tristemente, pelo país afora, em vez de rios, o que encontramos são verdadeiros esgotos a céu aberto, sem tratamento, com fluxo de águas escuras e fétidas, com pouca ou nenhuma diversidade de vida, a não ser de bactérias anaeróbias que “perfumam” o ar de nossas cidades com aquele nauseante cheiro de ovo podre!
Outros problemas juntam-se aos esgotos, como o grande fluxo de águas para o interior dos rios, durante o período de chuvas, devido à indiscriminada impermeabilização das ruas de nossas cidades. Como consequência, há um aumento considerável de erosões e assoreamento, criando um ciclo vicioso de destruição do rio que avança sem obstáculos, provocando, muitas vezes, enchentes catastróficas, dizimando muitas vidas. Para atenuar ou tentar resolver esse problema, as prefeituras realizam obras de retificação e de canalização do leito do rio, que, em muitas vezes, acabam sendo mais danosas tanto ao rio quanto ao próprio ambiente da cidade. Além disso, essas obras geram a extinção da flora e da fauna, antes existentes às margens dos rios.
Os resíduos sólidos, também, constituem numa praga que assola o ambiente hidrográfico das cidades, seja pela falta de consciência da população ou pela inépcia do poder público. Desgraçadamente, assistimos aos nossos rios tornando-se uma “grande lata de lixo”, com resíduos de todas as espécies: embalagens de plástico, papelão, potes de vidro, garrafas PET, jornais e revistas, objetos de metal, roupas, pneus, sofás e até automóveis inteiros!
Que esse 24 de novembro seja um dia de reflexão e de tomada de consciência da importância da preservação, proteção e, principalmente, da recuperação de nossos cursos d’água. Ah, o nosso Paraibuna, bem como os seus inúmeros córregos-afluentes, não foge à regra de tudo de ruim do que estamos fazendo com os nossos rios!
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