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Conversa de loucos para ouvidos moucos

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– Alô, boa tarde, é da Cemig?

– Não, é da central de atendimento. De que o senhor precisa? Perguntou, do outro lado da linha, a atendente.

– Preciso informar sobre lâmpadas acesas durante o dia e de lâmpadas apagadas à noite, falei.

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– Então, vamos primeiro às acesas, poderia me dar o local, onde os postes estão localizados? Continuou a atendente.

– É na Rua Antonio Fellet, no Vale do Ipê, informei.

– Mas o senhor está falando de que cidade? Estranhei a pergunta, mas disse:

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– De Juiz de Fora!

– Mas e você, de onde está atendendo esse telefone 0800?

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– Da central de Belo Horizonte, senhor, respondeu a mocinha. Pensei comigo mesmo: “Não é possível, me disseram que a Prefeitura havia contratado uma central de atendimento aqui na cidade, para facilitar e agilizar os serviços, e me vem essa …

– Senhor, Bairro do Ipê?

– Não, Vale do Ipê, Rua Antonio Fellet…

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– Senhor, o poste onde tem a lâmpada acesa está defronte a qual casa? Por favor, me informe o número da casa em frente ao poste.

– Senhorita, o poste é no início da rua, não sei o número da casa, mas não tem errada, a viatura vai chegar na rua, olhar para cima e verá a lâmpada acesa…

– Senhor, sem o número da casa da frente não há como enviar os funcionários. Eles somente se deslocarão se eu informar o número da casa defronte ao poste, ou então se o senhor marcar o poste de alguma maneira, amarrando uma fita, ou marcando com um “X”, em giz ou tinta.

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– Moça, eu não vou amarrar fitinha em nenhum poste e nem parar e pintar o poste para marcá-lo. Você quer um número? Então anote: número dez.

– Han, tudo bem, e o outro poste com lâmpada acesa, onde é?

– É na mesma rua, porém mais abaixo, esquina com Rua Trieste Trentini.

– Como? Como se escreve? Han, sim. Mas preciso do número da casa defronte, senhor…

– Moça, não tem número na esquina, os muros das casas não possuem números!

– Então, senhor, teria que marcar o poste, da maneira que lhe expliquei!

– Como também já lhe disse, não vou amarrar fitinha nem marcar “X” no poste. Então coloque aí, número 180, mas é um absurdo essa exigência de marcar um poste para atendimento, é somente olhar para cima e verá a lâmpada acesa…

– Pronto, senhor, esses dois postes estão anotados. Vamos para os postes com lâmpadas apagadas, onde seria?

– Na mesma rua, após o trevo, em direção ao Bairro Borboleta, são cinco ou seis postes seguidos e no final da rua, início da Rua Júlio Menini, o último.

– Mas, senhor, tem que me informar os números das casas em frente aos postes, senão, a equipe não poderá atender…

– Moça, a rua, nessa parte, não tem casas, é mato ou morro…

– Então, senhor, terá que marcar os postes da maneira explicada, completou a atendente…

– Moça, é só os funcionários comparecerem à rua e verão a escuridão dela…

– Senhor, não funciona assim, não atendemos de noite…

Preciso dizer onde minha paciência estava? Mas continuei: tudo bem, moça, não vou parar meu carro numa rua tomada pela escuridão, sujeito a violências e assaltos para marcar os postes, então, tome nota: o primeiro poste com lâmpada apagada fica defronte a árvore de Jacaré. O segundo poste, defronte às bananeiras, o terceiro, defronte ao ipê roxo, o quarto, defronte à quaresmeira, o quinto poste, defronte ao barranco caído, e o último, pertinho da ponte, defronte à Gruta da Santinha…

Resultado dessa história: desliguei o telefone, já um pouco estressado, depois de quase meia hora dessa conversa infrutífera. Passada mais de uma semana, nada mudou… E a Prefeitura dizendo que está facilitando o atendimento da população, com a criação da Central 0800… Até quando ficaremos reféns de Belo Horizonte e desrespeitados da maneira relatada?

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