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Fraternidade e Superação (parte II)

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“Carnaval é a alegria popular. Direi mesmo, uma das raras alegrias que ainda sobram para a minha gente querida. (…) Brinque, meu povo querido! É verdade que, quarta-feira, a luta recomeça. Mas, ao menos, se pôs um pouco de sonho na realidade dura da vida!” As palavras de d. Helder Câmara ecoaram de forma diferente este ano, pois o Carnaval 2018 trouxe a dura realidade da vida para as passarelas e as avenidas do sonho de alegria. Eleito o tema de algumas escolas e blocos, a violência em seu amplo sentido foi denunciada em diversificados acordes de “basta”!

Numa inusitada sintonia entre carnaval e Quaresma, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil também nos propõe, mas com sua séria e profunda Campanha da Fraternidade, debater a “Fraternidade e superação da violência”, tendo como lema “Em Cristo somos todos irmãos” (Mt 23,8). O objetivo principal é o de “construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”.

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Entretanto, fazendo-se ouvidos moucos para a sociedade, o Governo decreta uma intervenção militar no Rio de Janeiro, de forma muito mais espetaculosa que efetiva, criminalizando a miséria e trazendo ainda mais angústia a quem já sofre com o fogo cruzado. “Olho por olho, e o mundo acabará cego.” Atribuída a Gandhi, a frase afirma que o contrário da violência nunca será mais violência, mas, por outro lado, nos leva a pensar: a quem interessa a cegueira generalizada?

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“Sofremos e estamos quase estarrecidos com a violência. Não apenas com as mortes que aumentam, mas também por ela perpassar quase todos os âmbitos da nossa sociedade. A ética que norteava as relações sociais está esquecida. Hoje, temos corrupção, morte e agressividade nos gestos e nas palavras. Assim, quase aumenta a crença em nossa incapacidade de vivermos como irmãos,” afirma dom Leonardo Ulrichs Steiner, secretário-geral da CNBB.

Em mensagem enviada aos brasileiros por ocasião da CF, o Papa Francisco solicita que “sejamos protagonistas da superação da violência, fazendo-nos arautos e construtores da paz. Uma paz que é fruto do desenvolvimento integral de todos, uma paz que nasce de uma nova relação também com todas as criaturas. A paz é tecida no dia a dia com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza. São pequenos gestos de respeito, de escuta, de diálogo, de silêncio, de afeto, de acolhida, de integração, que criam espaços onde se respira a fraternidade.”

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De fato, se seguirmos os ensinamentos de Jesus, a paz torna-se mandamento para todo cristão. Se antes ela era confundida com uma concessão dos reis, que tinham o direito de declarar guerra, com Jesus, a paz torna-se obra de todos que querem ser seus irmãos: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).

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