Aproxima-se o fim do ano, festas e encontros com familiares e amigos disputam as agendas. Nós cristãos também nos preparamos para celebrar o Natal, nascimento do Salvador! Ele veio ao mundo, filho de uma família “irregular”, para seu tempo e o nosso, numa periferia da Terra Santa por vontade de Deus que quis se fazer homem e pela aceitação de Maria que o acolheu em seu ventre. Mas nessa mesma terra, muitas famílias estão sendo destroçadas pelos horrores de uma guerra de efeito genocida.
Também é tempo de avaliar o ano que passou, projetar um novo ano e fazer uma “retrospectiva para frente”: somos uma Igreja em Marcha e nos ensinamentos de Jesus não há “andar para trás”.
Apesar das últimas notícias de que o Brasil melhorou seu desempenho em termos de crescimento econômico, isso, infelizmente ainda não se traduziu em melhoria na qualidade de vida das pessoas mais pobres! São muitos os pedintes pelas ruas e os trabalhadores informais a abordar pedestres e motoristas. Numa espécie de tentativa de marketing improvisado, as balinhas nos retrovisores vêm acrescidas de mensagens de otimismo apesar de tudo. Uma delas nos chamou a atenção ao afirmar: “vamos pra frente porque só quem se deu bem andando para trás foi o Michael Jackson”!
Aqui, desde janeiro, temos anunciado os passos que nossa Igreja tem dado seguindo a orientação do Papa Francisco, que nesse ano completou dez anos de pontificado: são passos em saída, em busca do encontro com migrantes e pobres, em diálogo com movimentos populares, envolvida com a questão ecológica, com a causa dos povos originários, comprometida com a defesa da Paz mundial.
Destacamos a Campanha da Fraternidade, que discutiu a fome; a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que abordou o tema do racismo; os 50 anos do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, que relembra a corresponsabilidades dos leigos na evangelização; o 15º Intereclesial das CEBs, que reafirmou a dimensão de espiritualidade libertadora e compromisso do cuidar das comunidades; o 29º Grito dos Excluídos, que trouxe para rua a indagação “Você tem Fome e Sede de quê?” para que todas as dimensões de exclusão fossem debatidas quando celebramos nossa “independência”; e por fim, o importante o Sínodo sobre a Sinodalidade, que de forma inovadora apontou a direção para o modo de caminhar da “Igreja em saída”.
Há de se falar de mais um passo, ainda modesto, dado pela Igreja nos últimos dias, que foi a declaração doutrinária aprovada pelo Papa sobre o significado pastoral da bênção. Por meio dela, se abriu a possibilidade para religiosos consentirem a bênção para casais “irregulares”, notadamente, casais homoafetivos, sem deixar de afirmar a heteronormatividade como condição para o sacramento do matrimônio.
Que Nossa Senhora do Desterro, que com sua Sagrada Família, precisou dar longos passos para que se cumprisse a História da Salvação, nos abençoe a todos nesse Natal!