As cores atribuídas aos meses nos alertam para algumas dores e angústias que cercam nossas vidas. O outubro, por exemplo, é conhecido pela conscientização sobre o câncer de mama, atribuída à cor rosa. O novembro, com a tonalidade azul, lança luz para o debate sobre o câncer de próstata. No entanto, agora, é preciso dar atenção ao setembro, com outra cor e outra prevenção. Preencher esses 30 dias com a tonalidade amarela é dar espaço para que o sol, de mesma nuance, ilumine a discussão de um tema que se encontra constantemente nas sombras: o suicídio.
Podemos acreditar na máxima de que falar sobre o tema é gatilho para que pessoas enxerguem isso como uma motivação ou única saída. Porém é fundamental que encontremos caminhos que fomentem diálogos, motivem a existência e a valorização da vida, dos elos e, consequentemente, das soluções. Existem meios e modos para realizar tal abordagem, como prevê a Organização Mundial da Saúde ao lançar o código de regras para essa circulação aos diferentes profissionais, inclusive os das mídias.
Entre “Treze Porquês” – série da Netflix que aborda a temática – e desafios de baleias também coloridas – jogo fatal que circulou por uma corrente no WhatsApp -, precisamos nos questionar qual cor é dada para a vida das pessoas que têm, em mente, o suicídio como uma saída. Se fôssemos estudar as teorias cromáticas, creio que nenhuma cor já catalogada seria capaz de decodificar o sofrimento que cada um carrega. O suicídio emerge em nossa sociedade como uma resposta ao sofrimento. Tal réplica é formada pelas emoções individuais e coletivas, que se constroem pela essência e pela identidade humana.
Não há respostas quando não há perguntas. Se a dor de alguém fomenta dúvida sobre sua própria existência, nós precisamos, sim, falar sobre o suicídio. Falar da maneira correta, com abordagens que não visem às manchetes nacionais, mas à salvação dessas vidas. A comunicação é um instrumento de prevenção, e o setembro amarelo ganha tal cor para evidenciar a importância de todas as vidas, a valorização da existência individual e das diferenças que se somam nas relações contemporâneas.
O suicídio não é drama. Não acontece para chamar a atenção de alguém. Não envolve a existência divina e, tampouco, deve ser entendida como algo qualquer. Sua vida não é preenchida por coisas, sentimentos e pessoas quaisquer. Há valor em sua existência. E, se agora os problemas doem e parecem feridas que não terão curas, recorde-se que falar é sempre a melhor opção, e que, de fato, o sol, às vezes, só aparece após dias de chuva. Ilumine sua vida, conscientize-se da importância dela e da vida dos que o cercam. O setembro é amarelo, mas nada melhor que amar os elos que possuímos todos os dias.