O Papa Francisco sabe da situação do Brasil, interessa-se, reza e pede oração a todos os cristãos presentes na audiência semanal no vaticano. “Ao saudar vocês, peregrinos brasileiros, meu pensamento vai à sua amada nação. Nesses dias em que preparamos para Pentecostes, peço ao Senhor que derrame abundantemente os dons do Espírito Santo para que, neste momento de dificuldade, o país caminhe pelas sendas de harmonia e de paz com ajuda de oração e de diálogo”.
Os bispos também se preocupam com o atual momento político do país, expressaram essa preocupação numa nota no final da Assembleia Geral no mês de maio: “Manifestamos preocupação diante do grave momento pelo qual passa o país… Vivemos uma profunda crise econômica e institucional que tem como pano de fundo a ausência de referências éticas e morais, pilares para a vida e a organização de toda sociedade”.
O Papa e os bispos se preocupam pela atual situação do país. E, nós, cristãos? Qual é a nossa atitude diante da crise? Apenas percebemos que o país vai mal quando fazemos compras, lamentamos e criticamos o Governo. Sim, devemos perceber que a situação é critica e que a crise atinge todo o povo, sobretudo os mais pobres. Temos que nos perguntar o que podemos fazer nesta situação. O Papa Francisco responde a nossa pergunta: “Que o povo seja solidário neste momento difícil, uns com os outros e que nada nos leve a divisões ou separações, mas que nos leve a caminhar para a paz social, a caminhos melhores para o Brasil”. Ser solidários, isso exige ser atentos aos irmãos, abrir os olhos, “vencer as telas de computadores ou de celulares e caminhar ao encontro dos irmãos e irmãs que precisam de nós, de nossa presença, de nosso testemunho, de nosso amor, de nossa ajuda” (Dom Vilson Dias de Oliveira, Bispo de Limoeira).
A atitude de solidariedade leva ao diálogo. Os bispos nos recomendam: “É urgente a superação desta realidade de crise, através do diálogo e de iniciativas políticas e econômicas que atendam efetivamente aos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras, especificamente os mais pobres, em vez da lógica do mercado e dos interesses partidários” (Mensagem da CNBB no 1° de maio). Esta recomendação visa, em primeiro lugar, os cristãos que assumem responsabilidades institucionais, senadores, deputados, prefeitos, vereadores cristãos e todos nós também.
Solidariedade e diálogo devem levar à participação, ao engajamento. Participação nas instituições públicas e privadas ao nosso alcance como partidos políticos, associações de bairro, movimentos, grupos nos quais nós, cristãos, vamos poder dar testemunho de esperança, de otimismo, vencendo o pessimismo que, não raramente, se infiltrou nestas instituições. A Igreja e nós, como membros desta Igreja, temos parcela de responsabilidade no restabelecimento duma vida social pacificada. Por isso temos que participar das instituições eclesiais existentes, pastorais, movimentos, grupos diversos que indiretamente favorecem a reconciliação, a união, necessária para uma saída da crise, pois é da base que brota a renovação.
Oração, solidariedade, diálogo e participação são atitudes que todo cristão deve assumir com mais ardor do nunca neste momento de crise que nosso país atravessa e da qual pode e deve sair melhor.
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