Estamos em 2011 e ainda assim, pelo menos em nosso país, testemunhamos fatos que até então estavam restritos ao período medieval: feudalismo. Na Europa, durante a Idade Média, o feudo era uma extensa porção de terras que era cedida pelo senhor feudal (geralmente um rei) a um vassalo (outro nobre); ou seja, transportando a história antiga para o século XXI, identificamos hoje o senhor feudal como o presidente do Brasil e o vassalo, nosso ministro.
Um feudo medieval era composto por um castelo fortificado em que residia o vassalo e sua família (ministro e a executiva dos partidos políticos), depois vinha a vila camponesa habitada pelos servos (segundo escalão) e mais adiante as terras para plantio, o celeiro, a Igreja, o estábulo, entre outras benfeitorias (empreiteiras, ONGs etc.). Parece até uma aberração da história, mas infelizmente, apesar de o Brasil fazer parte da contemporaneidade do século XXI, encontramo-nos mergulhados na história medieval.
Em Brasília, cada ministério se transformou em um feudo, cujo responsável é o ministro que recebeu esse cargo através de uma investidura (termo de posse). Daí vêm as agremiações políticas loteando os cargos comissionados, todos com sede de poder e direcionados na divisão das verbas públicas.
O que mais nos impressiona ainda é que, a cada momento em que um ministro deixa seu cargo público sob denúncias escandalosas e provas claras de acusações, este é reverenciado, no momento em que é substituído, pelas autoridades políticas presentes ao evento, como se fosse de fato inocente.
A realidade que se faz presente em Brasília é que cada partido político possui como feudo um ministério. Quando algum ministro é denunciado pela imprensa, inicia-se um jogo de empurra-empurra, em que cada um joga para o outro a responsabilidade de fritar o ocupante do cargo comissionado: o partido para a presidente e vice-versa, daí os ministros juram inocência, entram em contradições e não suportam as fragilidades de seus argumentos mentirosos.
Mudam-se os ministros e seus assessores, a poeira abaixa, o cidadão brasileiro se foca em outras questões, como a Copa do Mundo, as Olimpíadas, a insegurança pública, o descaso com a saúde pública; e os feudos brasilienses retornam às suas atividades pulsantes de transformar cada contribuinte em seu fiel e estimado servo.
Não temos furacões, tsunamis, nevascas, terremotos, mas contamos com uma classe política, salvo algumas exceções, extremamente corrupta, cuja devastação se torna pior que qualquer outra catástrofe ambiental.