Estamos diante de um momento histórico, para, com base em ensinamentos dessa crise, começar uma mudança no cenário político nacional, a partir do livre e consciente exercício do voto nas próximas eleições para o Executivo e o Legislativo. Evocamos aqui um texto recente, extraído da sabedoria do nosso general Alberto Cardoso, brilhante e conceituado chefe e líder de minha geração: “Honesto ou corrupto? Teve a oportunidade de resolver nossos problemas e não fez. Perdeu sua vez…”.
Em contraponto ao ressentimento, ódio mesmo – que, no mais maléfico exercício do maniqueísmo (eu certo/você errado), nos colocou em frentes antagônicas, avessas ao diálogo -, volto a ponderar: entrevistas, como as que assistimos no Jornal Nacional, com os candidatos à Presidência, precisam deixar de ser inquisições e acusações e buscar propostas para a solução de nossos problemas. Sem ofensas ou intolerância.
Queremos propostas para a gravidade da hora atual, para decidirmos, com consciência e liberdade, com base nelas. Seremos realmente uma gente preconceituosa para com as ditas minorias, carentes e ofendidas? Contra negros, homossexuais, indígenas? Me permito falar do exemplo das instituições militares, nas quais vivi como soldado por quase toda a minha vida, completando, desde os 14 anos, o que herdei da humildade e generosidade de meus pais e familiares.
O pouco que tenha podido retribuir, ao Exército e ao Brasil, aprendi com minhas queridas famílias biológica e verde oliva. Aprendi – e no Exército cultivamos em alto grau – a irmandade, independentemente de cor, nível social, credo, em que brancos, mulatos, negros, índios, amarelos se unem e se irmanam, crescem e se aprimoram, com base única e exclusiva na meritocracia.
Cito, como exemplo, quando, no Comando da Academia Militar das Agulhas Negras, recebemos a visita da antropóloga e professora Ruth Cardoso. Em conversa com nossos cadetes, assim se expressou: “Estou aqui conversando com o Brasil”! E eu acrescento: Brasil orgulhoso de nossa descendência de índios, brancos e negros, com todas as suas mazelas e idiossincrasias. Sou brasileiro com muito orgulho, sim, senhor.
Ah, e quanto à violência? Somos um povo violento e avesso à paz? Ou somos produto de uma questão social ainda não resolvida? Hoje, fomos alertados desde cedo sobre os índices da criminalidade crescente no Brasil, nas periferias das grandes cidades, alastrando-se país afora. Isso é muito preocupante e está na pauta prioritária para a escolha de nossos representantes, mas entendemos que está também muito dentro e no íntimo de cada um de nós cidadãos brasileiros.
Analisemos as propostas para a área que, de minha visão, estarão contemplando a prevenção e a repressão. À repressão ao crime organizado, ao narcotráfico, à bandidagem, com adestramento, logística e inteligência, se junte a prevenção, com medidas sociais, educacionais, humanísticas.
Para tudo isso, muita competência, uso adequado de recursos, muito trabalho e muita vontade política de atacar com persistência esse mal que nunca fez parte da índole do ser nacional brasileiro.
E nós? Todos juntos vamos colocar, por pequenino que seja, um grão de areia, para, com consciência e liberdade, votarmos bem. E mais que isso: nos enchermos, em nossos círculos, de um discurso de aversão aos corruptos, aos ressentidos e odiosos, aos violentos.
Tudo por um Brasil melhor e mais feliz, como todos merecemos – e mais, para nossos filhos e netos. Quem sabe, assim, possamos dar nossa contribuição ao “Novo Grito do Ipiranga”, a que se referiu o jornalista Ruy Fabiano.