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Cuidado com a Casa Comum

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O Papa Francisco apresentou na última quinta-feira, dia 18, a encíclica Laudato Si’ – Sobre o Cuidado da Casa Comum. A 298ª encíclica da História da Igreja Católica é a primeira que traz a questão ambiental em seu cerne. O Papa dividiu a carta em uma introdução, seis capítulos e duas orações finais – 192 páginas, no total. Os ambientalistas encaram a encíclica como um “presente” que deve alavancar ainda mais as discussões de todo o mundo sobre a urgência da preservação da natureza. Em texto publicado no site da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), a diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, diz que “a encíclica papal vai direto ao ponto ao criticar, com detalhamento e de maneira contundente, nosso atual modelo insustentável de desenvolvimento. Com um texto claro e de fácil acesso, traz ainda uma contribuição sem precedentes à mobilização de toda a humanidade, e não só dos católicos, nas questões ambientais e por um mundo socialmente justo e ambientalmente equilibrado”, e completa: “como ambientalistas, valorizamos e nos sentimos honrados com o nobre engajamento do Papa Francisco”.

Carlos Nomoto, secretário-geral do WWF-Brasil, afirmou que “o documento é um presente para a humanidade, independentemente da denominação de fé. No âmbito científico, já está comprovado de que a ação do homem sobre a natureza é o que está provocando as mudanças climáticas atuais; as grandes empresas já perceberam que precisam adotar uma estratégia que cuide do meio ambiente; e os governos já entenderam que é mais barato cuidar da natureza do que arcar com as consequências, em todos os quesitos. A encíclica do Papa Francisco vem complementar esses três aspectos, trazendo embasamentos éticos e morais”.

“Recebemos de forma positiva a clareza e a franqueza da encíclica sobre a necessidade de ação política internacional diante das mudanças climáticas, que faz prevalecer interesses específicos em detrimento do bem comum. As palavras do Papa devem servir para afastar os governantes de seu comportamento apático”, acredita Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil. “Temos a fé e a ciência do mesmo lado, e os governantes devem seguir o exemplo, chegar aos acordos de que precisamos e colocá-los em prática. No Brasil, isto significa acabar com o desmatamento e investir em energias renováveis, como a solar.”

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Para o economista Rubens Ricupero, ex-ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, a nova encíclica foi uma surpresa. “Confesso que me surpreendi com o posicionamento radical de Francisco acerca do tema ambiental.”

Carta encíclica é como são chamadas as circulares papais, documentos enviados pelo sumo Pontífice da Igreja Católica aos bispos do mundo todo e, por extensão, a todos os fiéis. O termo foi introduzido pelo Papa Bento XIV, cujo pontificado durou de 1740 a 1758. Nesses documentos, os papas costumam tratar, de forma doutrinal, de todos os temas. Embora não sejam consideradas “definições infalíveis”, as encíclicas merecem respeito e submissão – ou seja, ninguém na Igreja Católica pode escrever algo em contrário ao ensinamento desse tipo de documento.

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