AZELINO CESAR DE LIMA, PROFESSOR
Em 1827, o imperador d. Pedro I mandava criar as escolas de primeiras letras em todas as cidades, as vilas e os lugares mais populosos do Império. Quatro anos depois, os ministros do Império Lino Coutinho e Visconde de Macaé relatavam que o desleixo do Poder Público com a educação, a precariedade das condições físicas dos prédios escolares, a falta de qualificação e a baixa remuneração dos docentes eram as principais razões do intento não ter vigorado. Algumas questões da educação são mesmo seculares e persistentes.
Atualmente, o salário dos professores tem sido motivo para uma verdadeira queda de braços. De um lado, o Poder Público representado pelos portadores de mandatos eleitorais, e, do outro, uma classe dividida tangida por lideranças sindicais que na última década andam tropeçando na dualidade bíblica da serventia a dois senhores. No meio desta guerra inglória, pois que dela em nenhuma hipótese racional resultarão vencedores, estão os alunos, pais de alunos e docentes que preferem continuar na sala de aula.
O povo, que pode ser até sensível à questão dos baixos salários, tem dificuldades para entender a feroz briga que se trava por migalhas quando o exemplo que vem de cima aponta para uma bandeira que poderia ser defendida pelos dois lados. A imediata equiparação salarial entre os professores dos sistemas de ensino, municipal, estadual e federal, tendo por referência este último, pode ser uma causa que vale a luta.
O salário inicial de um professor federal da educação básica, 40 horas com dedicação exclusiva, é maior que R$ 4 mil, chegando a um valor acima de R$ 6 mil no meio da carreira. Se somado a possíveis retribuições por titulação, pode ultrapassar a casa dos R$ 15 mil mensais. Por que os dois lados não se alinham neste sentido? Utópico? Não, é. O Plano Nacional de Educação (PNE), lei aprovada em junho de 2014, preconiza até o sexto ano de sua vigência a equiparação dos salários de professores da educação básica pública com o de outros profissionais com escolaridade equivalente. Adiantar este prazo é uma simples questão de eleger a educação como prioridade. O problema é que alguns se julgam etéreos, e outros não dão crédito a Matheus.