A Igreja Católica ensina que “a consciência não é uma fonte autônoma e exclusiva para decidir o que é bom e o que é mau; pelo contrário, nela está inscrito profundamente um princípio de obediência relacionado com a norma objetiva, que fundamenta e condiciona a conformidade das suas decisões com os mandamentos e as proibições que estão na base do comportamento humano” (Papa São João Paulo II: encíclica Veritatis splendor nº 60). O Concílio Vaticano II nos lembra que “no fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas a ela deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e à fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faze isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado (Concílio Vaticano II: GS nº 16).
O relativismo moral é uma ilusão segundo a qual a ideia de bem e de mal é relativa e variável conforme os indivíduos e o tempo. Desta errônea e perigosa concepção relativista, surge o individualismo no qual cada indivíduo é que cria os valores, ignorando assim a universalidade das normas morais. Consequentemente, muitas vezes a liberdade humana é entendida de maneira errônea, como se a liberdade de uma pessoa consistisse na licença de fazer tudo, mesmo o mal, contanto que agrade. A Igreja rejeita este relativismo e nos lembra as seguintes palavras de Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8,32).
Cristo expôs as verdades morais e religiosas justamente para que permaneçamos livres. Em relação à salvação, um jovem perguntou a Jesus Cristo o que deveria fazer de bom para alcançar a vida eterna. Jesus então respondeu: “Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos”. “Quais?”, perguntou o jovem. Lembrando os mandamentos morais, já revelados no Antigo Testamento, Jesus disse: “Não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe; e ainda, amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 19,16-20).
Essas normas morais formuladas em termos de proibição exprimem com firmeza a exigência de proteger a vida humana, a comunhão das pessoas no casamento, a propriedade privada, a veracidade e a boa fama. Assim, é só Deus que pode responder à questão sobre o bem, porque Ele é o Bem. Portanto, “só Deus, o Bem supremo, constitui a base irremovível e a condição insubstituível da moralidade, e portanto dos mandamentos, em particular dos negativos que proíbem, sempre e em todos os casos, o comportamento e os atos incompatíveis com a dignidade pessoal de cada homem. Deste modo, o bem supremo e o bem moral encontram-se na verdade: a verdade de Deus Criador e Redentor e a verdade do homem criado e redimido por Ele. Apenas sobre esta verdade é possível construir uma sociedade renovada e resolver os complexos e gravosos problemas que a abalam, sendo o primeiro deles vencer as mais diversas formas de totalitarismo para abrir caminho à autêntica liberdade da pessoa” (Papa São João Paulo II: encíclica Veritatis splendor nº 99).
A educação da consciência é indispensável aos seres humanos, submetidos a influências negativas e tentados pelo pecado a preferir o seu juízo próprio dentro de uma ética individualista e a recusar as verdades morais objetivas e autorizadas. “Compete à Igreja anunciar sempre e por toda parte os princípios morais, mesmo referentes à ordem social, e pronunciar-se a respeito de qualquer questão humana, enquanto o exigirem os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas” (Código de Direito Canônico, cânon 747,2).
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