Ícone do site Tribuna de Minas

Desafio do ‘mês da Bíblia’: o livro de Josué

tribuna livre 750 500
PUBLICIDADE

Setembro foi escolhido como mês da Bíblia para incentivar o estudo bíblico nas comunidades católicas do Brasil. Conforme o método estabelecido de alternar textos do primeiro e do segundo Testamento, neste ano, cabe-nos estudar o livro de Josué.

Todo livro bíblico requer uma boa interpretação para se evitar o risco da leitura literal, que não situa o texto em seu contexto original. No caso de Josué, essa exigência é ainda maior, porque a leitura literal pode justificar teologicamente a violência contra adversários políticos em nome da pureza religiosa (a chamada “limpeza étnica”) ou abençoar negócios ilícitos. Quando se aplicam as palavras do Senhor “sê forte e corajoso” ao iniciar um empreendimento, seu êxito será interpretado como sinal de “bênção divina”. Quantas vezes nos deparamos com ditos de tipo “foi Deus quem me deu”, ou o adesivo de automóvel “presente de Deus”… Para evitar tais deturpações da leitura bíblica, o caminho é o estudo orientado, em grupo, levando em consideração as várias dimensões do texto bíblico.

PUBLICIDADE

O livro narra a saga de Josué, o comandante justo e piedoso que vence todas as batalhas, conquista a terra e a distribui entre as 12 tribos de Israel. É preciso considerar que a primeira redação do livro foi feita cerca de 500 anos após os acontecimentos nele narrados, por escribas da corte de Josias, que, tentando recuperar territórios perdidos para o Império Assírio, procura incentivar seus soldados com a certeza de que o Senhor dará a vitória a Israel. Esse viés não nos impede de resgatar a mensagem central do livro: o Senhor dá a terra a seu povo para que ele viva em liberdade e produza todo o necessário para uma vida digna. Essa é a terra “onde corre o leite e o mel”: onde o povo vive da pecuária e da agricultura, sem cidades nem exércitos opressores, cada tribo em seu território, em paz, mas apoiando-se mutuamente para defender seu território.

PUBLICIDADE

O livro aponta o modelo de sociedade a ser formada pela confederação das tribos de Israel. Esse modelo de vida é o que Deus oferece a seu Povo. Por isso ele é revestido de sacralidade: contrariar essa proposta é ofender ao próprio Deus de Israel. Daí a importância dos levitas (sacerdotes), incumbidos de zelar pelo fiel cumprimento das leis que regem as relações nas famílias, nas aldeias, nas tribos e no Povo de Israel, para que ele seja efetivamente Povo de Deus.

O lugar da religião é evidenciado na própria forma do livro de Josué, que tem como moldura celebrações solenes: a procissão que leva a Arca da Aliança para atravessar o rio Jordão e dar início à ocupação do território (cap. 3) e a grande assembleia de juramento de fidelidade ao Senhor (cap. 24). A religião é a garantia do acordo entre as tribos: um mesmo Deus e as mesmas leis têm como fruto a solidariedade de todo o Povo, conforme o desejo de Deus, cujo louvor é um povo que vive em Paz e pratica a Justiça. Cabe a nós, neste mês de setembro, atualizar para o nosso tempo essa proposta de sociedade que Deus continua a fazer.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile