Ícone do site Tribuna de Minas

Política x renda x caráter

PUBLICIDADE

Gente, se salário baixo fosse sinônimo de honestidade, não existiria pobre ladrão. Se renda alta fosse sinônimo de corrupção, não existiria rico honesto. Lembram da Suzane Von Richthofen, aquela moça que planejou a morte dos próprios pais? Pois é, ela era rica, e isso não a impediu de cometer crime. Lembram do maníaco do parque, que estuprou inúmeras mulheres em São Paulo? Pois é, ele era pobre, e isso não o impediu de cometer crime. O problema da moralidade é questão de educação e caráter, e não de renda, entendam isso, por favor.

A maioria dos políticos corruptos já possui rendas altas antes mesmo de se tornarem políticos, ou seja, essa ideia de que, reduzindo o salário dos agentes políticos, vamos moralizar a política e acabar com a corrupção é muito sedutora, soa bonita, parece mágica, mas, na prática, não tem efeito significativo.

Claro que devemos, sim, cobrar com rigor que se tenha austeridade no uso do dinheiro público e lutar para acabar com privilégios políticos que perduram desde o “descobrimento” do Brasil, doa a quem doer, mas, se não deixarmos a preguiça de lado e nos dedicarmos intensamente à educação ética e cidadã uns dos outros, sobretudo de crianças e jovens, e também participarmos definitivamente da vida política em nossa cidade, nada vai mudar.

PUBLICIDADE

Se fiscalizássemos o trabalho dos políticos que nós mesmos elegemos, os corruptos não teriam vez, e os honestos conseguiriam fazer o melhor para o bem comum, respeitando o dinheiro do povo. Pense comigo: se fôssemos donos de uma grande empresa, com inúmeras áreas de atuação e demandas de trabalho em diversos segmentos, precisando de profissionais altamente qualificados e competentes para darem conta do recado, com máxima produtividade e eficiência, como deveríamos remunerar essas pessoas? Seriamos criteriosos ou omissos na seleção desses profissionais? Para evitar desonestidade na empresa, seria justo reduzir e igualar os salários de todos ao valor mínimo necessário?

Essa empresa é nossa cidade, os funcionários são os políticos, os patrões somos nós, e a seleção é o voto. Como devemos agir?

Deixando os políticos de lado, considere agora os servidores e funcionários públicos concursados. Muitas carreiras públicas possuem altos salários, maiores até que de muitos políticos, e, no entanto, não estamos nos mobilizando para “moralizarmos” o funcionalismo público através da redução total das altas remunerações ao valor mínimo definido em lei, com a justificativa do combate à corrupção. Se é para cortar, então, devemos cortar em tudo e todos, caso contrário, é pura demagogia.

PUBLICIDADE

A meu ver, com esse tipo de ideia, estamos apenas usando o campo político para descarregar nossas frustrações e decepções, fazendo uma espécie de catarse infantil, deixando, assim, de contribuir efetivamente para promover as mudanças que tanto sonhamos ver na política brasileira.

Sair da versão mobile