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Pode isso, Arnaldo?

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Seria ótimo se o Judiciário fosse como o futebol, com regras claras e bem delimitadas para cada circunstância. Pênalti é pênalti e pronto. Lógico que ainda assim depende de interpretação do árbitro, que pode não considerar penalidade máxima um puxão de camisa na área. Mas o pênalti continua sendo pênalti, não muda por conta de interpretação do árbitro. Existe regra clara neste caso.

No Judiciário é outra história. Não há regras claras para tudo, e as regras que existem nem sempre são bem delimitadas. Este é um dos problemas mais fundamentais do Direito: a impossibilidade de prever todas as situações que podem ocorrer na vida social. É exatamente o que estamos vivendo na política.

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O período eleitoral inicia com as convenções e a confirmação das candidaturas que estarão nas urnas em outubro. Começado o jogo, todos querem saber se o melhor jogador do PT estará em campo. Lula jogará o jogo?

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Ele está preso desde abril, por uma interpretação dos árbitros do STF, que entenderam ser perfeitamente possível a execução da pena antes de trânsito em julgado da sentença condenatória. Essa decisão complicou o meio de campo. Cumprindo pena antes do trânsito em julgado da decisão, Lula não teve os direitos políticos afastados, pois isso só acontece com a decisão definitiva sem possibilidade de recurso. Antecipou-se o cumprimento da pena de prisão, mas em nada tocou a decisão do STF nos direitos políticos do jogador. Mesmo preso, neste caso, Lula poderia ser escalado.

Há ainda outra falta grave neste jogo. Com a publicação da lei do fair play, conhecida como Lei da Ficha Limpa, da qual este autor foi signatário, é determinado que jogador que tiver publicada a decisão condenatória por colegiado está impedido de jogar o jogo. Mas o caso em questão ainda não teve decisão final, possibilitando uma infinidade de recursos pela frente.

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Caso os árbitros decidam por permitir que Lula jogue, teriam que definir os parâmetros de sua participação. Poderia o camisa 13 jogar o jogo de dentro da carceragem em Curitiba? Como ficaria a igualdade de condições entre ele e os demais jogadores? Ele voltaria a cumprir pena depois de vencido o campeonato? O jogo ficaria muito incerto.

Caso admitam a impossibilidade da escalação, abririam um precedente para todos os jogadores que, mesmo não estando presos, já foram condenados por colegiados e aguardam seus recursos. Nesse caso, precisa-se avaliar também os efeitos do impedimento nos torcedores que não poderão ver jogar o atacante líder em popularidade. As arquibancadas ficariam um tanto vazias.

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Outra análise importante que deverá nortear todo o jogo é a possibilidade de, impedido de ser escalado, o camisa 13 seja substituído por um outro jogador do mesmo time ou de outra equipe. Lembrando que não há outro jogador com a tamanha habilidade que tem o camisa 13.

Este jogo tem muitas possibilidades, mas as perguntas permanecem: o camisa 13 pode ser escalado? Sendo escalado, pode jogar? Podendo jogar, poderá levar o campeonato? Perguntas de que só saberemos as respostas observando os próximos lances. Uma coisa é certa: este jogo será jogado no campo jurídico e serão dos juízes da lei os votos mais importantes. Está com eles a bola da vez. Teremos uma eleição decidida nos tribunais.

Pode isso, Arnaldo?

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