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Tragédias da vida urbana

Por José Luiz Britto Bastos , M.Sc. em engenharia de transportes
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A banalização da vida, sob todos os aspectos, preocupa. Mas perder a vida no trânsito, atropelado por automóveis, motos, bicicletas e até por trens, é algo inconcebível. “Cidades para pessoas”, assim deveria ser, mas não é. No Brasil, o trânsito faz, por ano, mais de 60 mil vítimas, e essa situação tem sido ignorada pelas autoridades brasileiras, como se essa tragédia, que ceifa mais de 165 vidas por dia, fosse parte natural do cotidiano das cidades.

Segundo o Parlamento Sueco, “no trânsito, ninguém deve morrer ou se ferir”, é o que preconiza a “Visão Zero”, que é um conceito de segurança viária originado na Suécia, que não admite a perda da vida e as mutilações provocadas por acidentes de trânsito. Mas não é isto que normalmente acontece, sobretudo, em países pobres, países do terceiro mundo, dentre os quais o Brasil se inclui, sim, porque, depois de Índia, China, EUA e Rússia, somos o quinto país em acidentes fatais de trânsito (fonte: Ministério da Saúde 2015), e isso, convenhamos, é uma tragédia.

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Vítimas do trânsito são perdas irreparáveis, que nos abalam profundamente. Os atropelamentos de pedestres por trens, no entanto, são inconcebíveis. Em muitas cidades do mundo, os trens cortam as áreas urbanas, e as linhas férreas não são segregadas por cercas, muros, etc. Naquelas cidades, os trens compartilham o espaço público em total harmonia com outros veículos e pessoas, sem que haja abalroamentos e/ou atropelamentos.

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Em tempos passados, muitas cidades se desenvolviam às margens das ferrovias. Com o tempo, os trilhos que cortam as áreas urbanas passam, no entanto, a ser um estorvo para o meio urbano. Mas, na realidade, ferrovias não precisam ser retiradas das cidades, salvo se o objetivo for acabar de vez com as passagens de nível. Nesse sentido, a solução pode vir pelo rebaixamento dos trilhos. Transpor a ferrovia por meio de trincheiras é, de fato, solução para as constantes retenções de tráfego que afetam a mobilidade urbana. Por outro lado, é sabido que trincheiras resolvem os problemas do trânsito de veículos, mas não eliminam as passagens de nível, único caminho que o pedestre tem para transpor a ferrovia. Isso, porém, em hipótese alguma, justifica os constantes atropelamentos de pessoas por trens, o que, normalmente, ocorre por culpa exclusiva da irresponsabilidade do próprio pedestre, que desdenha a sinalização e a perigosa passagem dos gigantescos trens, que não têm outra opção de tráfego!

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