No ano de 1865, Allan Kardec entregava ao público francês mais uma obra que comporia a coleção de cinco livros, os quais são denominados “Codificação Espírita” e sobre a qual se sustenta a Doutrina dos Espíritos. O livro em questão traz consigo o estranho título de “O Céu e o Inferno”, em subtítulo, “A justiça divina segundo o espiritismo”. Não é um trabalho de magia, penas e dores, como podem pensar aqueles que ainda confundem a Doutrina Espírita com rituais primitivos. Como claramente é dito por José Herculano Pires no prefácio: “Lendo-se este livro com atenção, vê-se que sua estrutura corresponde a um verdadeiro processo de julgamento. Na primeira parte, temos a exposição dos fatos que o motivaram e a apreciação judiciosa, sempre serena, dos vários aspectos, com a devida acentuação dos casos de infração da lei. Na segunda parte, o depoimento das testemunhas. Cada uma delas caracteriza-se por sua posição no contexto processual. E, diante dos confrontos necessários, o juiz pronuncia a sentença definitiva, ao mesmo tempo enérgica e tocada de misericórdia. Estamos no tribunal Divino. Os homens e suas instituições são acusados e pagam pelo que devem, mas agravantes e atenuantes são levados em consideração à luz de um critério superior”.
Por intuição, o ser humano em todos os tempos acredita na condição de ser mais feliz ou infeliz, segundo o bem ou o mal que tenha praticado. Por isso, desde muito, brotaram respostas e até mesmo regulamentos, sentenças lavradas, locais de punição e alegrias eternas.
Jesus disse que ninguém entrará no Reino de Deus até que se pague o último centil e que “ninguém chegará ao Pai senão por Mim”. Nessas palavras do Mestre, não lemos nenhuma referência a dor, castigo ou satisfações eternas, como também não as encontramos no Evangelho. Então como se processa a Justiça Divina?
Jesus nos apresenta o Deus Pai, justo, amoroso e bom. Se há maldade e sofrimentos, é porque ainda desconhecemos as leis de Deus, tornando nossa vida mais difícil.
Ame ao próximo, trabalhe para o crescimento íntimo e perdoe sempre, suavizando as dores e ofuscando os sofrimentos, nutrindo a alma de singelas alegrias na certeza Cristã da construção do céu na Terra na justa medida em que seguimos aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.