Recentemente, tive a felicidade de comemorar os 55 anos de vida matrimonial de meus pais (Linio e Carmen). O Concílio Vaticano II afirmou que o autêntico amor conjugal seria mais apreciado e formar-se-ia a seu respeito uma sã opinião pública se os esposos cristãos dessem um testemunho eminente de fidelidade e harmonia, além da solicitude na educação dos filhos e se fizessem a sua parte na necessária renovação cultural, psicológica e social em favor do matrimônio e da família. A fé cristã sustenta que o vínculo matrimonial é estabelecido por Deus, de modo que quem desvaloriza o casamento e banaliza esta instituição sagrada contraria os desígnios de Deus, prejudica a si mesmo e a sociedade inteira, pois a família fundada no casamento indissolúvel é a célula primeira e vital da sociedade.
Infelizmente, é verdade que muitas pessoas ignoram a grandeza e a importância do casamento e o destroem por motivos banais, prejudicando gravemente as pessoas, sobretudo os filhos, que, naturalmente, têm o direito de ser educados pelos pais biológicos dentro de uma família estável. Sabemos que a lei civil tende a facilitar o divórcio como se a dissolução do vínculo matrimonial fosse algo normal e benéfico para a família. Nada disso. É um grave erro concluir que o comportamento desagregador da maioria seja um bem a ser reconhecido pela lei.
Devemos entender que, acima das opiniões flutuantes e falíveis das pessoas e dos errôneos condicionamentos sociais, existe a verdade objetiva. Nesse caso, trata-se da verdade objetiva da dignidade do casamento que precisa ser reconhecida, retomada, preservada e valorizada. Certamente que, como todas as realidades grandiosas e benéficas, a vida conjugal exige um empenho sério e muitos esforços individuais, familiares e sociais. O amor conjugal não deve ser entendido de maneira fantasiosa, como nos contos de fada. O amor é inseparável da fidelidade, da doação, da renúncia e do sacrifício. Quem procura um amor isento de sacrifícios, de renúncias e de compromissos é porque ainda não sabe o que é o amor. É preciso lembrar que as crianças e os jovens que hoje estão sendo influenciados pela injusta mentalidade divorcista e pela ideia de um amor descartável e sem compromisso amanhã facilmente interpretarão o casamento não como uma graça de Deus, mas, sim, como um peso negativo e uma ameaça a ser evitada.
Por fim, para os casais em crise, com sincera humildade, eu sugiro uma reflexão a partir daquela bela oração de São Francisco, que diz assim: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união; onde houver dúvida, que eu leve a fé; onde houver erro, que eu leve a verdade; onde houver desespero, que eu leve a esperança; onde houver tristeza, que eu leve a alegria; onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó, mestre, fazei com que eu procure mais consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna.