Do corpo literário da Carta aos Romanos escrita pelo apóstolo Paulo de Tarso, extraímos a seguinte frase: “Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às simples” (12:16). Toda leitura inteligente exige inteligência e calma para o bom aprendizado e o entendimento claro. A simplicidade não está em um objeto ou em um lugar, simplicidade é a maneira como se vive a vida.
Podemos sonhar almejando uma boa e elegante residência, trabalhando com honra e dignidade para concluir esse ideal. Mas não devemos esquecer que a construção de luxo requer o trabalho físico, a força dos braços de um profissional, que escavando o solo com a picareta, erguerá o alicerce sobre o qual surgirão as paredes, que sustentarão o telhado e este protegerá a família, permitindo a alegria do sonho conquistado.
Por mais árduo que seja o trabalho, este deve ser realizado com vistas à perfeição, e é escalando os primeiros metros que chegaremos ao pico da montanha. É aceitando de boa vontade as pequenas atividades, que as grandes tarefas virão naturalmente ao nosso encontro. Aspirar para si só não basta para a realização de um ideal produtivo. Criar a infraestrutura é fundamental para que tudo se proceda com ordem, a mesma ordem que vemos na ação da Natureza, onde tudo obedece ao espírito da sequência, não ocorrendo saltos nem milagres.
A árvore, que sombreia e frutifica, passou pelo rigor da germinação e sofreu na fragilidade do arbusto. A catarata, que move as poderosas turbinas, nasceu de um conjunto de pequenos regatos. De todos os bens necessários, Deus cuida para que estejam ao nosso alcance. O que nos cabe? Cuidar para que estas benesses continuem intactas para que cada vez maior número de pessoas possam delas usufruir.
Não há dúvida, quando pensamos em bens materiais, há sempre mais alegria em ajudar do que ser ajudado, mas é importante refletir sobre os bens espirituais, que irradiados de nós mesmos; aumentam a intensidade e quantidade de emoções felizes ao nosso redor. Se pretendemos mais gentileza no seio da sociedade, encorajemos a fraternidade. Ambicionando a bênção do perdão, devemos fortalecer a justiça. Ansiando pelo crescimento da confiança recíproca, divulguemos e pratiquemos mais a bondade. Por isso, Jesus com toda a sua simplicidade e sabedoria ensina: “Ame a teu próximo como a ti mesmo e não faça aos outros o que não quer que façam contigo.”
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