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CNBB: em marcha com o povo brasileiro

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Entre 1º e 10 de maio, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reuniu o episcopado brasileiro, em Aparecida, para sua 57ª Assembleia Geral. Na oportunidade, foi eleita a nova presidência, tendo como presidente dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte, que já foi reitor do Seminário Arquidiocesano de Juiz de Fora. Tanto ele quanto os dois vice-presidentes eleitos, dom Jaime Spengler (Porto Alegre) e dom Mário Antônio Silva (Roraima), são considerados moderados, mas comprometidos com as causas sociais. Como destacou o prof. Robson Souza, da PUC-MG, trata-se de uma presidência “sensível aos apelos e diretrizes do Papa Francisco”. Já dom Joel Portella Amado, eleito secretário-geral, responsável por administrar o dia a dia da conferência, era auxiliar do conservador dom Orani Tempesta na Arquidiocese do Rio de Janeiro, mas espera-se que não será como que uma ressonância dessa linha eclesial junto aos demais.

De fato, a mensagem da CNBB ao povo brasileiro, divulgada ao final da assembleia, faz críticas à “opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres”.
Afirma ainda que há “necessidade de políticas públicas que assegurem a participação, a cidadania e o bem comum”. E, entre outras pautas, “cuidado especial merece a educação, gravemente ameaçada com corte de verbas, retirada de disciplinas necessárias à formação humana e desconsideração da importância das pesquisas”, em total consonância com as manifestações ocorridas no último dia 15, que levaram milhões de pessoas em centenas cidades de todo o país a protestar.

Com relação às reformas que estão sendo propostas, a nota convida a observar a realidade em que vive a nossa população, posto que “nenhuma reforma será eticamente aceitável se lesar os mais pobres”. Daí a importância, para os bispos, dos “movimentos sociais, organizações populares e demais instituições (…) que possibilitam o exercício da democracia participativa”.

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Ao tratar da corrupção, “câncer social”, diz que seu combate “passa também por uma mudança de mentalidade que leve a pessoa compreender que (…) sua vida se mede não por sua capacidade de consumir, mas de partilhar”.

Critica ainda a ineficácia das medidas para combater o desemprego que ultrapassa o patamar de 13 milhões de brasileiros e destaca a necessidade de “preservar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”, com “primazia da pessoa sobre o mercado e do trabalho sobre o capital”, como ensina a Doutrina Social da Igreja.

Outro tema bastante discutido na mensagem é o da violência, que “atinge níveis insuportáveis”. Afirma que “o verdadeiro discípulo de Jesus terá sempre no amor, no diálogo e na reconciliação a via eficaz para responder à violência e à falta de segurança, inspirado no mandamento ‘Não matarás’ e não em projetos que flexibilizem a posse e o porte de armas”.

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“Precisamos ser uma nação de irmãos e irmãs, eliminando qualquer tipo de discriminação, preconceito e ódio. Somos responsáveis uns pelos outros”, diz a mensagem, ao tratar da defesa dos indígenas e quilombolas contra ação de mineradoras, madeireiras e agronegócio que “precisam rever seus conceitos de progresso, crescimento e desenvolvimento”.

Em sua avaliação, o prof. Robson Souza acredita que a nova presidência defenderá a Igreja caso seja atacada, mas espera que haja respeito e deferência à maior conferência episcopal do mundo e ao seu papel diante do país com o maior número de católicos. Portanto uma importante aliada do Papa Francisco e seu pastoreio.

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A mensagem se encerra falando do compromisso da conferência com “a construção de uma sociedade desenvolvida, justa e fraterna” e rogando a Maria “perseverança no caminho do amor, da justiça e da paz”. Conte conosco!

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