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Alfredo Sirkis e o luto na causa ambientalista

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Alfredo Sirkis faleceu na sexta-feira, dia 10 de julho de 2020, vítima de acidente de trânsito. Com sua morte, um pouco da causa ambientalista também pode morrer.

Poderíamos falar sobre o escritor premiado com um Jabuti em 1981, sobre o jornalista que foi dirigido por Jean-Paul Sartre em seu jornal em França, sobre o jovem que lutou pela democracia, enfim, sobre sua dimensão mais individual, mas preferimos ressaltar a figura pública do expoente da ideologia verde no Brasil.

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Parece uma peça do destino ele se encantar, uma bela metáfora de Guimarães Rosa para substituir o verbo morrer, justamente quando alguns governos tentam matar o meio ambiente. Aí não cabe eufemismo. O verbo é matar, é morrer mesmo.

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Em 1986, juntamente com Fernando Gabeira, Lucélia Santos, Lúcia Veríssimo e vários ambientalistas, Sirkis ajudou a fundar o Partido Verde, pelo qual foi candidato a presidente da República em 1998 para divulgar as propostas do partido.

Foi articulador importante para que houvesse a Eco-92 e, em 2012, promoveu o Rio/Clima (The Rio Climate Challenge), durante a Conferência Rio+20, lutando já àquela época contra o enfraquecimento do Código Florestal Brasileiro, na qualidade de combativo deputado federal pelo Rio de Janeiro.

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Não bastasse esse currículo a favor do meio ambiente, acreditava na democracia não só extramuros dos partidos políticos, mas também internamente. Protestou silenciosamente contra a ausência de um processo de convenção interna para se lançar Marina como presidente em 2010.

Ajudou a articular a fundação da Rede Sustentabilidade em 2013, cujo registro foi negado ao TSE, daí indo com Marina para o PSB. Em 2014, mesmo ano em que assumiu a Comissão de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional, desistiu de ser candidato a deputado federal pelo PSB, em protesto pela coligação com o PT, feita no Rio de Janeiro: “Depois de ter feito oposição, ainda que moderada, ao governo durante quatro anos, no Congresso, não posso agora aparecer como candidato em uma coligação com o PT”.

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Abria janelas pela democracia, sem fechar as portas de sua própria casa para ela. Não acreditava que partidos pudessem ser feudos a serviço de suseranos.

Nos últimos anos, dedicou-se à criação do “thinktank” Centro Brasil no Clima (CBC) e era secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Não buscava o poder pelo poder, mas espaço pelas causas em que acreditava.

O luto pela morte de Sirkis não pode ser um luto pela morte anunciada das causas ambientais e climáticas. Seu legado deve nos encher de força para lutar pela sustentabilidade, pelo meio ambiente equilibrado e por uma república de janelas e portas abertas à democracia. Conseguiremos honrar essa herança?

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