No início do mês de maio, comemoramos o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Neste ano, o Papa Francisco escolheu como tema a disseminação das chamadas fake news (notícias falsas) e o jornalismo da paz. “A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32) inicia a mensagem do Papa que destaca que “a comunicação humana é uma modalidade essencial para viver a comunhão”.
“A dificuldade em desvendar e erradicar as fake news se deve também ao fato de as pessoas interagirem muitas vezes dentro de ambientes digitais homogêneos e impermeáveis a perspectivas e opiniões divergentes. Esta lógica da desinformação tem êxito porque, em vez de haver um confronto sadio com outras fontes de informação (que poderia colocar positivamente em discussão os preconceitos e abrir para um diálogo construtivo), corre-se o risco de se tornar atores involuntários na difusão de opiniões tendenciosas e infundadas. O drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como inimigo, chegando-se a uma demonização que pode fomentar conflitos. Deste modo, as notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade.”
Em sua mensagem, o Papa lembra a dificuldade em reconhecer as notícias falsas. “Não é tarefa fácil, porque a desinformação se baseia muitas vezes sobre discursos variados, deliberadamente evasivos e sutilmente enganadores, valendo-se por vezes de mecanismos refinados.” Ao mesmo tempo, chama a atenção para a responsabilidade de todos nós em desmascarar as falsidades.
“O melhor antídoto contra as falsidades não são as estratégias, mas as pessoas: pessoas que, livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga do diálogo sincero, deixam emergir a verdade; pessoas que, atraídas pelo bem, se mostram responsáveis no uso da linguagem. Se a via de saída da difusão da desinformação é a responsabilidade, particularmente envolvido está quem, por profissão, é obrigado a ser responsável ao informar, ou seja, o jornalista, guardião das notícias. No mundo atual, ele não desempenha apenas uma profissão, mas uma verdadeira e própria missão. No meio do frenesi das notícias e na voragem dos scoop (notícia em primeira mão), tem o dever de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audiência, mas as pessoas. Informar é formar, é lidar com a vida das pessoas. Por isso, a precisão das fontes e a custódia da comunicação são verdadeiros e próprios processos de desenvolvimento do bem, que geram confiança e abrem vias de comunhão e de paz.”