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Pluralidade

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O ser humano é multifacetado e imensamente capaz. A beleza da existência humana está nessa capacidade de se reinventar e coexistir com as mais variadas formas de vida. Não é só preto ou branco, rico ou pobre, bonito ou feio, bom ou ruim, inteligente ou burro; em todos os setores da vida há uma diversidade enorme de opções.

Infelizmente, hoje em dia, apoiado ainda mais por um sistema computacional baseado no sistema binário, opiniões, desejos, escolhas, conversas e pensamentos estão tendendo a seguir esse fenômeno e se afastando cada vez mais da capacidade humana da pluralidade. Sabendo disso, muitos se aproveitam e reforçam essa teoria, enfraquecendo, por exemplo, nossa democracia. Se esse sistema político é baseado no desejo do povo, então deveríamos estar seguindo pelo caminho da aceitação da convivência pacífica das diferenças, e as divergências deveriam ser bem-vindas.

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Mas as redes sociais vieram para ficar e representam bem o nosso desenvolvimento preguiçoso de ser, pensar, conversar e agir na sociedade. Com a desculpa de que elas facilitam o dia a dia, é mais fácil escrever sua opinião numa plataforma digital do que ligar para um amigo e conversar longamente sobre um assunto. A pandemia da Covid-19 veio ainda mais reforçar essa tendência de dar muita opinião e escutar pouco. Assim, nos tornamos humanos falantes e escritores de comentários curtos e cheios de símbolos, em vez daquele ser social que escuta mais do que fala. Contrariando a própria evolução que nos deu dois ouvidos e somente uma boca.

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A repercussão disso na vida política é que somos levados a acreditar que somente existem dois lados: o comunista e o fascista. Que não existem alternativas moderadas. E, assim, nossas pesquisas de opinião reforçam esse pensamento binário, as enquetes viraram ele sim ou ele não, criando e alimentando as figuras dos salvadores da pátria. Porém não existe nem um candidato que salvará o país; existem, sim, representantes do povo que, com nosso voto, tentarão implementar políticas para todos indistintamente e reequilibrar as desigualdades sociais existentes.

Independentemente de orientação política e social, é mais do que hora de voltarmos a conversar civilizadamente e respeitando as divergentes opiniões sem taxar, excluir ou estigmatizar alguém. Esse pensamento binário captado pelos algoritmos dos computadores só nos afasta e nos joga dentro de nossa bolha de conforto e opiniões parecidas. Por pura preguiça intelectual, acabamos nos comunicando com pessoas que pensam igual e afastando as diferenças e a pluralidade que nos diferenciaram dos outros animais e nos fizeram evoluir.

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O momento de eleição é oportuno para sairmos de nossos casulos e tentarmos entender os motivos reais de nossas diferenças de opiniões, nossos medos e desejos, pois acredito que todos queremos um Brasil melhor e mais social.

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