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Um governo em pane

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O país que possui entre as principais economias mundiais a maior concentração rodoviária de transporte de cargas vê o seu sistema de escoamento de produção entrar em colapso com a greve dos caminhoneiros. Mas o que estaria por trás de uma paralisação que impede uma nação de se movimentar? Seriam os interesses de uma categoria que sofre com as péssimas condições de trabalho ou a cobiça do patronato brasileiro? O movimento, de certo, escancarou a fragilidade do país em infraestrutura de transporte e deixou claro o modo intransigente de um governo que insiste em não querer dialogar com setores da sociedade.

A mobilização dos caminhoneiros — que fique claro, legítima — nos traz lições. Nos revela um país completamente dependente do transporte rodoviário. Escoamos 75% da nossa produção por meio de rodovias, muitas delas em péssimas condições de tráfego. Por que não investimos em outros modais de locomoção? A resposta é simples: investir em obras de estradas é mais interessante para a agenda política. Diferentemente de obras mais complexas, que não têm impactos eleitorais e dificilmente se transformarão em votos nas urnas.

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É necessário em paralisações de grandes impactos, como vistas nos últimos dias, um governo que tenha como prioridade o diálogo, que não use da arrogância e da prepotência para tentar resolver questões essenciais para a nação. Comunicada três vezes da insatisfação da categoria, a autoridade máxima desse país em momento algum desceu do pedestal para ouvir uma classe que trabalha no limite. Preferiu que a situação fosse arrastada a ponto de ter que acionar o uso da arma que tanto glorifica: a força.

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Se, por um lado, a paralisação evidencia a face de um governo com sinais claros de desgaste e fraqueza, por outro, nos faz pensar o sistema em que estamos inseridos. O quanto a luta é árdua para que os privilégios saiam das mãos deles e venham para a nossa. O quanto os interesses pessoais estão acima dos interesses coletivos. E o quanto é importante e necessário praticar a empatia em uma sociedade desagregadora.

A “pane seca” à qual o país vem sendo submetido é reflexo de um governo que carece de habilidade para ouvir, dialogar, pensar e propor soluções. É resultado de uma política de medidas impopulares que vem sendo adotada por um presidente sem legitimidade para governar. É consequência de um acordo político para tirar um presidente eleito pelo voto direto. É resquício do desrespeito aos processos democráticos. É a tentativa de um desgoverno achar que ainda tem capacidade de impor autoridade.

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