Três pessoas e a realidade de cada uma delas me fazem relatar o que segue. Em comum elas têm o seguinte: são mulheres, moram em Juiz de Fora e – o que é central nisso tudo – são idosas. Para preservar a imagem de duas delas, usarei nomes fictícios.
Dona Dalva é o nome verdadeiro da primeira. Tem 80 anos e é viúva. Criou e educou quatro filhos e três filhas. Apesar das limitações próprias da idade, nela não esmorece a paixão pela vida e pela família. Tem o respeito, o carinho e a proteção de todos. Tive a alegria de almoçar com ela domingo passado. Dona Dalva é minha mãe.
A segunda idosa – Dona Maria – eu conheci em razão da minha atividade de Delegada de Polícia Civil. Também é viúva. Seu único filho morreu ano passado. Idosa e sozinha, teve sua casa invadida por um homem, que a estuprou e ainda levou objetos e dinheiro. O bandido foi localizado e preso.
Dona Clara é como chamarei a terceira idosa. Tem quase 70 anos. Seu filho é usuário de crack há mais de dez anos. Ela já pagou vários tratamentos. Mas não adiantou. O moço mora sozinho e chegou mesmo a arrancar e a vender os azulejos do apartamento para comprar a droga. Dona Clara tem um bar. Todo dia o filho chegava e a ameaçava, levava dinheiro e mercadoria. A situação chegou a um nível insuportável.
O agressor foi preso.
O drama dessas duas idosas me faz exercitar, no mais alto grau, a indignação e a não aceitar como naturais ou corriqueiras as violações graves que sofreram. Nelas eu vejo tantas outras idosas e nelas identifico milhões de mulheres pelo Brasil afora. E sinto que é preciso amá-las, como se todas atendessem por um único nome: Dalva!
Este espaço é livre para a circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail (leitores@tribunademinas.com.br) e devem ter, no máximo, 35 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.