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Algo que venha de dentro

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Em tempos de coronavírus, sobram artigos nas redes sociais fazendo prognósticos sobre o nosso incerto amanhã. O que virá? Há quem diga que ocorrerão mudanças profundas na ordem mundial, como o filósofo russo Aleksandr Dugin, que afirma que “a globalização entrou em colapso completamente – de forma rápida e irrevogável” e que “a epidemia simplesmente destroçou todos os principais axiomas do mundo global: fronteiras abertas; interdependência das sociedades; eficácia das instituições econômicas existentes e competência das elites no poder diante de problemáticas como a do coronavírus”.

Outros acreditam positivamente que despertaremos enfim para a fraternidade universal, para o reconhecimento da importância dos nossos semelhantes, dos quais hoje, em meio a essa pandemia, não podemos nem nos aproximar, inclusive dos nossos filhos e netos para evitar contágio. É doloroso. Estamos todos encurralados, mas “não seremos os mesmos quando a vacina e a droga milagrosa finalmente forem testadas pela ciência e comercializadas pelos laboratórios. E está em nossas mãos a construção de um novo futuro mais digno para os nossos filhos, onde A, B e C possam reconhecer-se como humanos e percebam que só há saída pelo coletivo”, prega a psicóloga Ana Laura Prates no artigo “A elite que lava as mãos e o vírus do individualismo”, no jornal GGN.

Há ainda os que defendem a tese de que o coronavírus seria uma arma biológica. “Me parece muito mais razoável acreditar que esse vírus tenha sido fabricado em algum dos mais de 400 laboratórios do Pentágono espalhados pelo mundo, com algum fim obscuro específico, do que imaginar que essa seja uma infecção acidental, surgida naturalmente e nos locais onde os primeiros casos foram oficialmente reportados…” “Gosto de pensar que estejamos diante de uma mudança significativa na estrutura financeira e que esta crise tem por intenção primária o colapso da ordem internacional e sua substituição por um novo modelo”, especula Lucas Leiroz, colunista da InfoBrics. Há considerações para todos os gostos, inclusive de espetacularização das notícias em alguns mass media para provocar o caos no país e derrubar Bolsonaro.

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Se mudanças vierem, não acredito que sejam as desejadas, apesar da gravidade da situação, porque a ideologia capitalista não será tocada, não é ela que vai receber o golpe, é a economia como um todo. Dando inequívoca demonstração disso nas redes sociais, Luciano Hang, da Havan, diz que paga os seus fornecedores, demite 22 mil funcionários, fecha todas as suas lojas e ainda lhe sobra dinheiro para curtir na praia se a economia desabar. Continua rico o bastante para reimplantar o sistema quando for necessário, ele e outros, com a mesma ideologia de acumulação de riqueza e nenhuma humanidade. A lógica do dinheiro é a coisificação das pessoas, e toda essa comoção não lhe diz absolutamente nada. Seus artífices estão todos prontos para as férias na praia.

Mas pode ser que algo surja dessa pandemia, inesperado e implacável, primordial, e faça a humanizadora mudança nos nossos duros corações. Algo que venha de dentro. Como ensina Santo Agostinho, somente um grande amor ou uma grande dor podem provocar mudanças profundas. Resta-nos saber de que tamanho será a nossa dor.

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